
A atriz Andrea Beltrão volta à região com o monólogo Antígona, no Sesc Santo André, para três apresentações nesta sexta, sábado e domingo (21 a 23). Andréa e o diretor Amir Haddad recriaram a história com base na tradução de Millôr Fernandes. O espetáculo considerado pelo filósofo G.W.F Hegel como tragédia é ao mesmo tempo antigo e moderno, por discutir direito natural e conhecimento ocidental de justiça.
Após 2.400 anos de sua primeira montagem na Grécia Antiga, a peça apresenta um eterno retorno às raízes do mito, da obra, do autor e dos pilares da cultura e da civilização ocidentais. A narrativa de Antígona remete às tensões entre o divino e o humano, à temporalidade dos deuses, à angústia humana diante da imortalidade, à justiça como uma benevolência dos deuses e às dimensões ética e humana. Sófocles abre, também, uma dimensão política e existencial, a partir do tema da morte.
A montagem ainda aborda o derradeiro instante da vida como ponto de cisão, de crise. Ao evocar retrospectiva entre o ato do nascer e do momento final, a morte não abriria apenas uma causalidade física, mas mostraria a demarcação em indivíduos do simbólico numa determinada cultura: a necessidade presente – enterrar o irmão morto – pelo respeito às leis da ancestralidade, e as condições políticas num determinado período histórico.
Narrativa
Andrea diz que contará a história de 2.500 anos, quando uma jovem se levanta contra o rei e todo reino para fazer sozinha o enterro de seu irmão, sem sepultura. “Pelo ato de amor e desobediência, a moça paga com a própria vida, e por aí começamos nossa noite”, explica Andrea Beltrão. “Agora: será bom ouvir essa história? Fará sentido? Tocará nos nossos sentimentos? Falará à nossa memória? Isso, só saberá quem estiver lá”, acrescenta.
Escrita por volta de 442 a.C, a obra narra a tragédia de Antígona, filha de Édipo e irmã de Etéocles e Polinice. Depois que Édipo comete o parricídio e incesto, admite a culpa trágica e cega os próprios olhos. Com isso, seus descendentes iniciam uma disputa pelo poder e os irmãos se matam em uma briga pelo trono.
Com tradução de Millôr Fernandes e dramaturgia de Amir Haddad e de Beltrão, o espetáculo atesta a vertiginosa capacidade das tragédias gregas de mostrar o dilaceramento da razão frente às paixões da alma; a condição humana sempre levada pela incerteza das contingências e pela tardia chegada da consciência diante dos acontecimentos.
O espetáculo estreou em novembro no Rio de Janeiro e chegou a São Paulo em maio. Sobre a apresentação na região, Andrea Beltrão diz que o ABC é um centro importante. “Sempre que possível venho com espetáculos para cá. Acho que nosso encontro será forte, simples e afetuoso”, completa a atriz, que acaba de ser indicada ao Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) 2017, na categoria de Melhor Atriz está bastante feliz. “Minhas conquistas são minhas e de todos os meus parceiros de trabalho”, comenta.
Antígona
Sexta-feira (21), às 21h; sábado (22), às 20h; e domingo (23), às 18h.
Sesc Santo André – rua Tamarutaca, 302, vila Guiomar.
Ingressos R$ 40.
Classificação 18 anos.
Telefone: 4469-1200.
(Colaborou Amanda Lemos)