
Uma das principais polêmicas da gestão de Saulo Benevides (PMDB), na Prefeitura de Ribeirão Pires, foi a tentativa de construção de um shopping center no terreno onde também está localizado a Fábrica de Sal. Em entrevista ao RDtv, na última quinta-feira (20), o peemedebista explicou qual era sua intenção com o assunto e admitiu que errou ao anunciar a ideia apenas em seu último ano de mandato.
“Outro projeto que lamento muito. Eu adotei uma política de desenvolvimento na nossa cidade. Trouxemos 4 mil CNPJs para a cidade, para criar emprego, porque a população sofre muito. As pessoas saem de Ribeirão para ir para Mauá, Santo André para procurar emprego, porque infelizmente os prefeitos que passaram não adotaram uma política de incentivo fiscal e as empresas foram embora”, explicou Benevides.
O ex-prefeito admitiu que iria ceder o terreno de 20 mil m², localizado próximo da rodoviária e da estação da CPTM, inclusive com a decisão de derrubar a Fábrica de Sal, patrimônio cultural que era alvo de um pedido de tombamento no Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat). “O prédio está condenado. Só serve, com todo o respeito, para abrigar mendigos e para usuários de drogas. Ficou abandonado por anos”, disse o peemedebista.
Com a polêmica em torno da destruição do patrimônio, Benevides aceitou doar apenas 19 mil m², porém não teve apoio dentro do Legislativo para a aprovação da proposta. “Último ano, eu errei ao não fazer isso antes. No último ano é muito complicado”, disse Saulo em referência a redução dos apoiadores políticos por causa do período eleitoral.
Segundo Saulo Benevides, seriam investidos R$ 60 milhões na obra do shopping que poderia atender moradores de Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, e também das divisas com Mauá e Suzano. “As pessoas falavam que nós daríamos o terreno de graça. Nenhuma empresa investe R$ 60 milhões sem contrapartida da Prefeitura. Temos que lembrar que receberíamos 5% de ISS (Imposto Sobre Serviços) só com a obra. Em cinco anos, por causa do IPTU, do ISS, (o valor) desse terreno estava novamente nos cofres públicos”.
O ex-chefe do Executivo de Ribeirão Pires salientou que o projeto geraria 1,5 mil empregos diretos e que mensalmente seriam consumidos R$ 100 milhões no município. Sobre os comerciantes locais, Benevides afirmou que não teria conflito, pois são públicos consumidores diferentes. “O povo que consumiria nesse shopping em Ribeirão Pires vai continuar consumindo em Mauá, em Santo André, não vai mudar a situação”, concluiu.