O número de mortes por suicídio no Brasil aumentou em 12% entre 2011 a 2015, de acordo com o Ministério da Saúde. Os indicadores apontam que 79% das mortes são de homens, enquanto 21% são de mulheres. Em entrevista ao RDtv, o psiquiatra do Hospital Brasil, Líbano Abiatar C. Monteiro, afirma que o número está dentro do esperado, mas reconhece a importância do combate ao problema.
Enquanto em 2011 foram registrados 10.490 notificações, em 2015 o número saltou para 11.736. “Entre 10 a 11 mil casos está dentro do esperado por ano. Este número reflete a qualidade das notificações, que antes era omitida a verdadeira razão de morte”, explica. A meta da OMS (Organização Mundial da Saúde) é diminuir este número em 10% até 2020.
Embora o volume de mortes seja elencado pelos homens, das tentativas de suicídio registradas pelo mesmo período, a situação se inverte, 69% das tentativas são feitas por mulheres. “As mulheres buscam utilizar métodos de suicídio menos letais, na maior parte das vezes ingestão medicamentosa, enquanto os homens usam armas de fogo, enforcamento, com letalidade muito maior”. Além deste fator, Abiatar explica que os homens procuram menos ajuda que as mulheres, fator que implica nos dados de morte.
O que leva ao suicídio?
Embora um sinal de alerta, de acordo com o especialista, o suicídio é uma dúvida que intriga sociólogos, psiquiatras, psicólogos e que não deve ser compreendido como algo pontual, já que não tem relação direta com um evento específico. “O suicídio é apenas o auge, a ponta do iceberg de todo um processo, e a morte é o desfecho”.
Embora a cada três tentativas de suicídio, uma seja concretizada, o especialista defende que a totalidade das pessoas que cometem o ato tem algum tipo de transtorno mental. “A depressão, transtorno bipolar de humor, esquizofrenia e o uso de álcool e outras drogas são transtornos que podem aumentar a chance do suicídio”. A depressão está envolvida entre 30% a 50% dos casos.
Mitos
Durante a entrevista, Líbano Abiatar (foto) conta que um dos maiores mitos sobre o assunto é que as pessoas que desejam se matar não avisam com antecedência. Para o especialista, cerca de 80% das pessoas que cometem o suicídio visitaram um médico cerca de um mês antes de cometer o ato.
“A pessoa dá indícios, ameaça, tenta, e uma hora consegue. Toda ameaça deve ser encarada de forma séria”, diz. Outro mito do suicídio é falar sobre o assunto. “Dizem que se você fala sobre o assunto, atrai o problema. Mas é mentira, falar sobre o assunto pode fazer com que a pessoa que já pensou em fazer isso se sinta acolhida, aliviada por saber que tem pessoas que sofrem assim como ela e que tem saída, ela não precisa sofrer sozinha”.
O problema de saúde pública afeta jovens de 15 a 29 anos, 4ª causa de mortes nesta faixa etária. Um dos dados que chamam mais atenção do Ministério da Saúde é a concentração de casos em algumas regiões do País. No Sul são 23% dos casos, embora responda a apenas 14% da população brasileira. O Sudeste concentra 42%, com registro de 38% dos suicídios do País. (Colaborou Amanda Lemos)