
Diferente do que vinha ocorrendo há pelo menos dois anos, com expectativa desfavorável, a projeção para o setor da indústria de transformação na região começa a dar sinais de melhora para retomada da produção. É o que releva nova edição do Boletim IndústriABC, do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, divulgado nesta sexta-feira (27). Os dados são referentes ao 3º trimestre do ano.
Alguns fatores analisados deixam para trás o clima pessimista até então vivido pelo setor. O uso da capacidade instalada, por exemplo, aumentou 13 pontos percentuais, saindo de 54% há um ano para 67% em setembro. A expectativa com evolução no número de empregados subiu de 45,1 para 52,5 no mesmo período. Além disso, a situação financeira (liquidez) saiu de um placar desfavorável médio de 30 para a faixa positiva de 55, considerando escala de 0 a 100.
“A gente denota o início de uma melhora lenta no volume de produção, é o que vai engatar a dinâmica produtiva do setor. Há também boa expectativa sobre a demanda futura, algo que era razoavelmente pessimista há um ano”, observa o coordenador do estudo, Sandro Maskio.
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) também ajuda a reforçar o cenário de suave melhora. O apontamento regional, de 61,5 pontos, supera inclusive os números do Estado (56) e Nacional (50,9), em escala de 0 a 100. No 2º trimestre, o ICEI do ABC estava em 52,9, no Estado em 54,5, e no Brasil em 50,6.
“Eu diria que melhora no ABC está associada ao grupo de indústrias do setor automobilístico, que também melhorou, tem um peso bastante grande e estão presentes na amostra do estudo”, afirma o docente.
As exportações também sinalizam para um cenário positivo. Isso porque a perspectiva do setor industrial da região quanto à evolução das exportações nos próximos seis meses subiu de 52,5%, há um ano, para 61,4%, mês passado.
Apesar dos índices de melhora, o estudo aponta aspectos desfavoráveis. Um deles é o ociosidade de 33% nas indústrias do ABC, fato que demonstra que ainda há um grande espaço a ser recuperado para a capacidade produtiva.
“Ainda é um volume grande (33%), significa praticamente 1/3 da estrutura produtiva parada. Ainda tem um bom caminho para andar e chegar num nível de atividade que seja mais eficaz para o setor. Mas é claro que já é um cenário melhor do que se tinha há um ano”, diz Maskio ao lembrar que em setembro do ano passado a capacidade instalada era de 54%, o que resultava em ociosidade de 46%.
Além disso, de acordo com o estudo, até setembro, a região havia perdido 2,9 mil postos formais de trabalho e a intenção de investimento por parte da indústria situou-se em 46,1 pontos, ou seja, ainda no quadrante menor que 50, de sensibilidade pessimista.