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O governo de Cuba levantou nesta segunda-feira uma das proibições mais impopulares à população da ilha – a que impedia os cubanos de freqüentarem hotéis para turistas. A decisão não foi anunciada pela imprensa oficial, provavelmente numa tentativa de não chamar muito a atenção sobre as mudanças que estão sendo implementadas dia após dia na ilha. Gerentes e funcionários dos maiores hotéis do país, porém, confirmaram o que os rumores já haviam se encarregado de difundir de Havana a Santiago de Cuba.
Nos hotéis como o El Nacional, o Valencia e o requintado Ambos Mundos, a ordem era a mesma a partir de hoje: hospedar os cubanos que quisessem – e tivessem como pagar as diárias de até US$ 150 para um quarto simples, ou mais de sete vezes o salário médio dos cubanos. As empresas que alugam carros também haviam sido instruídas a atender a população local. Na tarde de amanhã funcionários do governo explicarão, em uma reunião com os gerentes dos estabelecimentos, o exato alcance da nova medida.
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“Era absurdo que um cubano não pudesse se hospedar num hotel de seu país”, opinou o mecânico Roberto Gonzáles, de 47 anos, que nesta segunda-feira já planejava passar quatro dias com a família num hotel em Varadero. “Trabalho duro e agora poderei me permitir alguns luxos”, completou, lembrando, porém, que muitos de seus conterrâneos só podem sonhar com essa possibilidade, porque seus salários mal lhes permitem suprir suas necessidades básicas.
Até hoje, os cubanos só podiam se alojar em hotéis internacionais com autorizações especiais ou a convite do governo – como prêmio por seu desempenho no trabalho ou presente de casamento, por exemplo. A proibição, vista por muitos cubanos como uma humilhação, estava em vigor desde os anos 90, quando foi adotada para impedir “o aumento das desigualdades sociais”. Na época, como agora, só os cubanos que faziam “bicos”, conseguiam dinheiro no mercado negro ou recebiam dinheiro de parentes que trabalhavam no exterior tinham condições de se hospedar nos hotéis.
A nova medida faz parte de uma série de mudanças tomadas nas últimas semanas pelo o recém-empossado presidente de Cuba, Raúl Castro, para eliminar o que descreveu como um “excesso” de restrições aos habitantes da ilha. O governo também suspendeu restrições às vendas de aparelhos eletrônicos como computadores e DVDs, que começarão a ser vendidos em Cuba a partir de amanhã. Há três dias, levantou uma proibição para que agricultores possam comprar insumos como herbicidas e ferramentas.
E na sexta-feira autorizou o serviço de telefonia celular para a população, beneficio antes cedido apenas aos funcionários do governo e estrangeiros. A partir do dia 14, a população já terá acesso a celulares por cerca de US$ 120 – seis vezes mais que o salário médio de um cubano – de cerca de US$ 19. As diárias de um hotel como o Ambos Mundos em temporada alta também ultrapassa os US$ 150. “Dificilmente conseguirei me alojar em um hotel, mas o fato de que agora posso fazer isso algum dia, me alegra”, diz uma nutricionista, cujo salário é de US$ 25. (AE)
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