A tripulação de norte-americanos do navio de bandeira dos Estados Unidos que havia sido sequestrado por piratas somalis nesta quarta-feira (8) retomou o controle da embarcação, mas o capitão é mantido como refém num bote salva-vidas, segundo informações de pelo menos três pessoas que estão no navio.
Funcionários norte-americanos disseram que um navio de guerra dos Estados Unidos e outras seis embarcações se encaminham para o local. Um funcionário disse que o destroier USS Bainbridge se encaminha para o local. Outro funcionário disse que outros seis ou sete navios estão a caminho.
“Neste momento, eles pretendem manter nosso capitão e trocá-lo por um resgate e nós estamos tentando resgatá-lo”, disse o segundo marujo Ken Quinn à CNN em entrevista ao vivo, depois de a emissora de TV a cabo ter telefonado para o navio.
“Nós mantivemos um deles como refém, tínhamos um pirata. Ele ficou conosco por 12 horas. Nós o amarramos. Nós o devolvemos, mas eles não entregaram o capitão”, disse Quinn.
O capitão estava num bote salva-vidas com os piratas, disse Quinn. “Neste momento, estamos tentando oferecer a eles o que podemos, ou seja, comida. Mas não está funcionando tão bem”, afirmou Quinn.
A empresa que opera o navio confirmou que ele foi retomado pela tripulação e disse que os sequestradores haviam deixado a embarcação com um integrante da tripulação.
O capitão Joseph Murphy, instrutor da Academia Marítima de Massachusetts, disse à Associated Press que ele recebeu um telefonema do Departamento de Defesa segundo o qual a tripulação, incluindo seu filho Shane, o segundo em comando da embarcação, retomou o controle do navio.
Num determinado momento, os piratas tomaram o controle do navio e de toda a tripulação de norte-americanos.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acompanha de perto da situação, disse o conselheiro de política externa, Denis McDonough.
O Maersk Alabama, de 17 mil toneladas, levava materiais de emergência para Mombaça, no Quênia, quando foi capturado, informou a A.P. Moller-Maersk, operadora do cargueiro, sediada em Copenhagen.
“Podemos confirmar que a tripulação do Maersk Alabama está agora no controle do navio”, disse Kevin Speers, porta-voz da Maersk Lines Limited. “Os sequestradores armados que embarcaram no navio mais cedo partiram, porém eles mantém um dos integrantes da tripulação com refém. Os demais estão em segurança e nenhum ferimento foi informado”.
Foi o sexto navio sequestrado em uma semana na região, o que segundo analistas ocorre pela nova estratégia dos piratas somalis de operarem fora da área onde embarcações internacionais de combate têm patrulhado, no Golfo do Áden.
A comandante Jane Campbell, porta-voz da 5ª Frota da Marinha dos EUA, sediada no Bahrein, disse que é o primeiro ataque “envolvendo cidadãos norte-americanos e uma embarcação de bandeira norte-americana na memória recente”. Ela não precisou o período abrangido.
Os piratas somalis são combatentes treinados que frequentemente usam roupas militares e embarcações rápidas com telefones satélite e GPS. Eles costumam ter armas automáticas, lançadores de foguete e vários tipos de granada. Bem afastados da costa, esses navios operam partindo de outros maiores.
A Marinha dos EUA confirmou que a embarcação foi capturada no início desta quarta-feira, 480 quilômetros a sudeste de Eyl, cidade no nordeste somali, na região de Puntland.
O porta-voz da Marinha norte-americana, tenente Nathan Christensen, disse que o navio dos Estados Unidos mais próximo no momento do sequestro estava a 555 quilômetros de distância.
As Forças Marítimas Combinadas emitiram um comunicado nesta quarta-feira destacando os vários ataques recentes que ocorreram a centenas de quilômetros da costa somali e afirmaram que marinheiros mercantes devem ser cada vez mais alertas quando atravessarem essas águas.
Desde janeiro, os piratas realizaram 66 ataques e ainda mantém 14 embarcações e 260 tripulantes como reféns, segundo o Birô Internacional Marítimo, um grupo de vigilância de in
Kuala Lumpur, na Malásia.
Muitos dos sequestros terminam com o pagamento de resgates milionários. A pirataria é considerada a principal forma de se fazer dinheiro na Somália, um país há décadas sem um governo estável. Roger Middleton, um especialista em pirataria da Chatham House, de Londres, calcula que os piratas conseguiram US$ 80 milhões em resgates no ano passado.
Vários países mantêm navios para patrulhar a área dos ataques, porém trata-se de uma grande extensão, o que dificulta o combate ao problema. No momento do ataque, por exemplo, havia cinco embarcações patrulhando o Golfo de Áden.
É a segunda embarcação da A.P. Moller-Maersk, uma empresa privada, capturado por piratas somalis. O primeiro caso ocorreu em fevereiro de 2008.
As informações são da Associated Press. (AE)