Quatro dias após a cassação do mandato do vereador de São Paulo Camilo Cristófaro (PSB), a Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo (PRE-SP) apresentou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) a denúncia contra o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior, e o vice-prefeito, Beto Vidoski (ambos do PSDB), além de outras sete pessoas, por suspeita de Caixa 2 e formação de organização criminosa durante as eleições de 2016. Todos negam as acusações.

Segundo a nota publicada no site do Ministério Público Eleitoral, nesta terça-feira (12) uma investigação iniciada em maio do ano passado apurou “a utilização de diversas pessoas físicas para disfarçar a origem dos recursos que financiaram a campanha à prefeitura de São Caetano e que abasteceram o caixa do diretório local do PSDB no mesmo período”.
Foi estimado que 54% dos R$ 1,574 milhão arrecadado para a campanha eleitoral “é proveniente de doações dissimuladas, o que coloca em xeque a própria legitimidade do pleito de 2016 no município”.
A investigação aponta que os crimes “foram cometidos por intermédio de organização criminosa estruturada em torno da empresa Globo Contábil e de seu proprietário Eduardo Abrantes, que se utilizou de funcionários e de familiares para camuflar os recursos destinados à campanha. Entre os laranjas, constava pessoa sem nenhuma condição econômica de realizar doações milionárias, além de pessoa hospitalizada, que efetuaram transferências ao partido e à campanha eleitoral”.
O nome da senhora Ana Maria Comparini Silva, identificada como “pessoa humilde e pensionista do INSS”, aparece com a quantidade de R$ 1,4 milhão em doações durante a eleição de 2016. Em relação a campanha de José Auricchio Júnior, a doação foi de R$ 293 mil, segundo dados do sistema do Tribunal Superior Eleitoral.
A Procuradoria aponta que a conta de Ana Maria foi abastecida pela empresa Almeida & Dale Galeria de Arte LTDA., localizada no bairro dos Jardins, em São Paulo, que depositou R$ 500 mil, “fato que revela o total desrespeito à proibição de financiamento empresarial, já que as pessoas físicas que figuram como doadoras serviram como meras repassadoras de recursos”.
Segundo a tese da Procuradoria, a soma das penas dos crimes atribuídos aos suspeitos pode superar os 30 anos. A denúncia também pede a indenização material e moral no valor de R$ 6 milhões. Também foi pedido a instauração de inquérito para a Policia Federal.
Procuradoria de São Caetano
O RD entrou em contato com o promotor Newton José de Oliveira Dantas, que explicou que a denúncia apresentada pelo PRE-SP atinge a esfera civil do caso e que continua no município o processo que pode culminar em um pedido de cassação de Auricchio e Beto Vidoski.
A Promotoria entrou com uma ação pedindo uma condução coercitiva por parte de Ana Maria Comparini, que chamada para depor no ano passado, acabou não prestando esclarecimentos. Outra doação que é avaliada é a de Maria Alzira Garcia, no valor de R$ 350 mil. Segundo Dantas, a última informação foi a de que Maria Alzira faleceu, assim outros familiares serão chamados para depor sobre a situação. Na época da eleição, Maria já estava doente.
Defesa
Em nota, os advogados de Auricchio, Ricardo Penteado e Beto Vasconcelos, consideram que a denúncia apresentada “trata de opinião de Ministério Público Federal, ainda pendente de apreciação pelo Tribunal Regional Eleitoral. O prefeito está à disposição da Justiça Eleitoral para prestar todos os esclarecimentos necessários. Tem certeza da correção de sua conduta, confia na Justiça e acredita que os fatos serão elucidados”.