
Quatro dias após reconquistar a liberdade, o prefeito afastado de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), entrou com recurso ao TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) nesta terça-feira (19) para derrubar a liminar que o impede de reassumir a chefia do Executivo. Por ora, o socialista também está proibido de frequentar espaços administrativos do governo, sob comando interino da vice-prefeita Alaíde Damo (MDB), desde 15 de maio.
O recurso visa derrubar as medidas cautelares impostas pelo desembargador federal do TRF-3 José Lunardelli, que adotou seis condições para que Atila deixasse o presídio em Tremembé, a aproximadamente 125 quilômetros de São Paulo, na noite de sexta-feira (15). O órgão foi o mesmo que decretou a prisão preventiva do prefeito afastado, por meio do desembargador Maurício Kato, após ir atrás das grades pela Operação Prato Feito, da PF (Polícia Federal).
Atila permaneceu preso por 37 dias (a detenção ocorreu em 9 de maio), após agentes federais acharem no seu apartamento a quantia de R$ 87 mil em notas vivas, sem conseguir comprovar naquele instante a origem desse montante. Por suspeita de lavagem de dinheiro, o socialista foi à superintendência regional da PF, na Lapa, zona oeste de São Paulo, até a transferência em 29 de maio para penitenciária em Tremembé.
O prefeito afastado somente reverteu a prisão preventiva na sexta-feira, após o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes deferir o habeas corpus, mediante a medidas cautelares do TRF-3. Dessa forma, Lunardelli imediatamente impôs suas condições e as enviou para Tremembé, antes que o prefeito afastado deixasse o local.
Além de impedir que Atila reassumisse a função de chefe do Executivo e frequentasse a Prefeitura de Mauá, Lunardelli determinou o pagamento de fiança de R$ 85 mil, a entrega do passaporte, comparecimento à Justiça a cada mês e a proibição a viagem fora do Estado além de 15 dias sem autorização judicial. Imediatamente a defesa do socialista considerou as imposições abusivas, com a promessa de recorrer aos tribunais.
Segundo investigações da PF, Atila foi beneficiado por pagamento de propina de R$ 138 mil em 2016, por Carlos Zeli Carvalho, proprietário da Reverson Ferraz da Silva, contratada pelo governo no ano passado, para fornecimento de uniformes escolares mediante ao contrato de R$ 8,3 milhões. Os repasses tiveram como intermediário o ex-secretário de Governo e de Transportes João Gaspar (PCdoB), também preso no mesmo período devido à apreensão de R$ 588,4 mil e mais € 2,9 mil em seu apartamento, e que segue na cadeia em Tremembé.
Também chama a atenção que desde a retomada da liberdade, Atila não conversou com Alaíde, situação que evidencia o sintoma de “guerra fria” entre os dois grupos. A emedebista promoveu mudanças no secretariado e propôs corte de cargos comissionados no governo e a extinção da Hurbam (Habitação Popular e Urbanização de Mauá), sem aval do socialista.
ERRATA: Diferentemente da matéria de sábado (16), onde foi citado o nome do desembargador Maurício Kato como o responsável pelas medidas cautelares contra o prefeito afastado Atila Jacomussi (PSB), o desembargador que adotou as condições ao socialista foi José Lunardelli, conforme citado nesta reportagem.