
Passados seis meses desde que restringiu o funcionamento do Caps (Centro de Atenção Psicossocial) III, na região do bairro Eldorado, entre 7h e 19h, a Prefeitura de Diadema confirmou que o novo endereço da unidade será na Vila Conceição, a partir de julho. O governo do prefeito Lauro Michels (PV), porém, recebe verbas da União para que o equipamento esteja em plena operação por 24 horas diárias.
Conforme evidenciou o RD em abril, pacientes com transtornos mentais e usuário de drogas são deslocados da unidade para o Caps III Leste, na região central da cidade, por meio de van, para que possam dormir no local. “Isso atrapalha (o tratamento), porque um paciente toma medicação para dormir, nem sempre dorme rápido e quando dorme, precisa acordar”, relata um servidor, que pediu sigilo do nome por medo de represálias.
Segundo o Ministério da Saúde, Diadema recebe R$ 4,6 milhões por ano pelos custeios dos cinco Caps no município. Apenas entre janeiro e março, o governo contou com aporte de R$ 1,1 milhão. Somente Caps de categoria III e IV devem funcionar 24 horas diárias, conforme portaria da Pasta. Caso as normas não sejam cumpridas, a União pode notificar o Paço, realizar uma auditoria ou até mover um processo judicial.
O MPF (Ministério Público Federal) recebeu a denúncia logo após a publicação da reportagem, protocolada na Procuradoria da República de São Bernardo, e decidiu apurar o caso. A representação contra a Prefeitura de Diadema está no gabinete do procurador Steven Shuniti Zwicker. O governo, porém, informa que não chegou a ser notificado desde então.
De acordo com a administração municipal, o espaço na Vila Conceição tem o mesmo valor de aluguel à edificação no Eldorado, embora o governo não cite os valores despendidos para as instalações. O Caps III Sul/Oeste registra uma média 300 prontuários ativos.
Em abril, a reportagem ouviu de funcionários de que a Prefeitura de Diadema estava em vias de viabilizar uma nova locação para a estrutura e mão de obra do Caps III Sul/Oeste. No entanto, a falta de diálogo e esclarecimentos da coordenação do serviço era alvo de críticas de servidores.
No mesmo mês, o RD observou que o Caps III Sul/Oeste contava com uma viatura da GCM (Guarda Civil Municipal), enquanto estava de portas abertas. Uma das razões da segurança e, talvez até da possível interdição do funcionamento do posto durante o período noturno, sejam as ameaças de traficantes de drogas nas redondezas, uma vez que há uma boca de fumo próxima, conforme relatos de funcionários.
Pelo Caps III Leste, a reportagem se deparou com uma guarita sem guarda e completamente vazia. Nas dependências, colchões rasgados, portas sem maçanetas e outros problemas estruturais fazem parte do dia a dia de quem precisa e trabalha no equipamento.