
cult no Shoppinho Santo André (Foto: Pedro Diogo)
Quem frequenta shoppings deve ter observado maior quantidade de quiosques nos corredores. Esse formato de comércio tem sido alternativa para as marcas se expandirem em locais com baixa oferta de ponto comercial ou mesmo crescer em tempos de crise econômica. Na Pesquisa Trimestral de Desempenho do Setor feita pela ABF (Associação Brasileira de Franchising), referente ao 1º trimestre de 2018, entre os modelos de operação de franquias, os quiosques mantiveram os 7% de participação do ano passado. Já o formato loja representou 88%, contra 90% nos primeiros três meses de 2017.
“O quiosque é um formato interessante que tem atraído até segmentos não tradicionais, como rede de hotelaria e turismo, ou mesmo vestuário, e as operações com franquias têm aproveitado ele para abrir outras frentes de localização, além de shoppings, como condomínios, laboratórios e universidades”, diz Vanessa Bretas, gerente de inteligência de mercado da ABF ao afirmar que em 2016 os quiosques tinham só 6% de participação.
Glauco Humai, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), afirma que este é um modelo de negócio que está em expansão nos shoppings brasileiros. “Atribuímos como uma porta de entrada para o varejista iniciar novas operações nos empreendimentos”, diz.
Piticas
Uma das marcas que apostam no formato é a Piticas, especializada em camisetas licenciadas de cultura pop com 314 pontos no Brasil, 80% em quiosques. A rede criada em 2008, em São Paulo, está presente em oito shoppings no ABC. “O nosso mix de produtos é grande e só investimos em loja se não tiver jeito”, conta Felipe Rossetti, sócio-fundador da marca, que tem foco em design pop e geek, com referências musicais, de séries, cinema, personagens, desenhos, entre outros. Além de estampas exclusivas, oferece diversos produtos licenciados de marcas conhecidas, como Marvel Comics, Disney e Turma da Mônica, e se prepara para lançar em setembro Netflix.
Rossetti diz que a visibilidade das mercadorias em quiosque é muito maior em relação à loja comum e tem o fator versatilidade, que permite montar o estande em poucas horas. O empresário, porém, continua fã da loja comum, para quem o atendimento é mais personalizado, tem espaço para provador e é mais seguro no tocante a contrato, que é fixo. “Felizmente tivemos apenas um caso de franqueado em quiosque precisar sair”, comenta ao afirmar que atualmente os preços nos dois modelos de negócios estão parecidos.
Bubblekill
O setor de alimentação foi o quarto que mais cresceu (8,1%) no primeiro trimestre de 2018, segundo a ABF e um dos representantes do segmento é a Bubblekill, que surgiu em 2017 como novidade em food service. Em franca expansão, a rede atualmente possui 67 unidades em oito estados. No ABC, instalou quiosques em seis shoppings, um deles no ParkShopping São Caetano. “É a melhor unidade da Grande São Paulo em operação, que já faturou mais de R$ 100 mil por mês”, diz Fernando Loureiro, diretor de expansão, que tem espaço para franqueados a partir de R$ 166 mil. A meta é fechar 2018 com 120 operações, 80% em quiosque.
Loureiro afirma que a aderência dos quiosques para o mercado de food service é muito positivo. “O custo de operação é mais baixo e o produto fica no meio do mall, não tem como não ver, além disso em oito horas está pronto pra funcionar”, ressalta o diretor da Bubbekill, que na região está também em São Bernardo (Metrópole, Golden Sqare e São Bernardo Plaza) e Santo André (Grand Plaza e Shopping ABC), e quer espaço também em Diadema.
À base de água, chá, café, leite e Yakult, a bubble da rede é uma bebida de origem taiwanesa com bolhas revestidas por uma capa gelatinosa, feita à base de algas marinhas e néctar concentrado de frutas. Ao entrarem em contato com o calor da boca, as bolhas de sabor estouram e liberam o gosto da fruta. A bebida possui mil possibilidades de combinações da base, da frutose e das bubbles.
Chocolateria
A Chocolateria Brasileira acabou de chegar no ABC, ou melhor, no Grand Plaza, em Santo André, e vem com plano para ter unidades em shoppings da região, quase todos em quiosques e franquias, modelo que a rede começou em 2015. É a 15ª franquia da rede, num total de 20 unidades, entre próprias e franqueadas. Mais cinco estão previstos para Santo André, São Bernardo e São Caetano. “O ABC é uma extensão de São Paulo e as ferramentas de geomarketing têm apontado o potencial daí”, diz Leia Nascimento, gerente de franquias da empresam, que nasceu em 2013 em Itatiba, Interior paulista.
Com fábrica em Marília, SP, a empresa se prepara para ter 400 unidades até 2028, quase tudo franquias e metade no formato quiosque. “É mais barato o investimento e é uma oportunidade para empreender com investimento pequeno”, diz Leia. O quiosque simples da chocolateria sai R$ 38 mil enquanto que a loja custa R$ 195 mil. A taxa de franquia é R$ 10 mil. Já o faturamento é R$ 30 mil para quiosque e R$ até 60 mil no caso do lojista.
Franqueadas fazem sucesso com formato
Fabiana Lombarde é uma das mais novas franqueadas da Piticas e também o primeiro da marca no ABC, onde chegou em março. No piso superior do Shoppinho Santo André, o quiosque se beneficia de todo o fluxo que liga o centro de compras ao Calçadão da rua Coronel Oliveira Lima, o principal corredor de varejo da cidade. No quiosque, Fabiana vende de 600 a 700 peças por mês, e ressalta que o investimento baixo foi preponderante para entrar no negócio. O custo médio para que alguém se torne nosso parceiro de vendas da Piticas é de R$ 150 mil e prazo de retorno é de 18 a 24 meses. Consumidora da marca, Fabiana afirma que o produto vende bem. “Além disso, o ponto é ótimo, não tem como não olharem os meus produtos”, diz a franqueada, que antes trabalhava na área de recursos humanos.
No segundo piso do ParkShopping São Caetano, Monique Pfaender é franqueada de um quiosque da Bubblekill desde dezembro e, também, fã da marca. “Além de stand-up comedy, eu trabalhava no departamento comercial da franquia e em 2017 não hesitei em tuar com a marca e em quiosque, porque é econômico”, afirma Monique, que vende 350 a 400 copos de bubbles por mês e chega a faturar até R$ 80 mil. Com o sucesso, a lojista pense adquirir outro ponto.
Modelo é nova receita para shoppings
Glauco Humai, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), diz que o quiosque é um formato que veio para ficar. Estar dentro de um shopping traz vantagens para o tipo de negócio, como fluxo constante, público com maior poder aquisitivo, segurança e conforto. E não existem desvantagens no modelo. “Vemos com bons olhos a expansão deste formato por serem novas formas de receita para o shopping, que se reinventa a cada dia, e também a porta de entrada para o varejista implantar o seu negócio. O quiosque é uma tendência que está se consolidando no Brasil”, afirma.
O executivo conta que tem visto atualmente outra alteração do status dos shoppings, de centros de compras para centros de conveniência e convivência, com mais opções de serviços, lazer e entretenimento. Prova disso, segundo pesquisa sobre o perfil do frequentador realizada pela Abrasce e o Instituto de Pesquisa GFK, em 2016, 63% dos frequentadores vão aos shoppings com o intuito além do consumo.
Outro movimento muito claro e que foi um dos pontos fortes do 15º Congresso Internacional de Shopping Centers, realizado em julho pela Abrasce, é a força da união do on e off para proporcionar novas formas de consumo e experimentação nos espaços físicos. “Novos modelos de negócios irão surgir para atender um consumidor cada vez mais exigente em fazer tudo em único lugar”, comenta Humai.