O Sesc São Caetano apresenta sexta-feira (5/10), a partir das 20h, o monólogo Alice, retrato de mulher que cozinha ao fundo que põe em cena Nicole Cordery para representar Alice B. Toklas (1877-1967), autora do livro de receitas “The Alice B. Toklas Cookbook” e companheira da poeta e escritora norte-americana Gertrude Stein (1874-1946) autora de sua Autobiografia que se tornou uma inovação literária.

A peça discute as fronteiras entre realidade e ficção, as histórias e suas dissonantes interpretações. Nela, Alice passeia por diferentes tempos e espaços, numa espécie de mosaico. Escolher a personagem real e ao mesmo tempo ficcionalizar Alice B. Toklas potencializa múltiplas miradas sobre a relação de amor entre essas duas mulheres e sobre como influenciaram e foram influenciadas pela e fervescente Paris dos anos 20 e 30.
Monólogo dramático escrito pela dramaturga Marina Corazza, artista nascida e criada em São Caetano, indicada ao Prêmio APCA 2018 de melhor dramaturgia pela peça “Aproximando-se de A Fera na Selva” e com direção de Malú Bazán que com delicadeza surpreendente faz uma direção fragmentada e enxuta , onde Nicole Cordery apresenta interpretação introspectiva e, ainda assim, poderosa, ao dar voz a vida dessa mulher singular que viveu a preservar e divulgar a obra de sua falecida companheira Gertrude Stein.
História
No período conhecido como idade heróica do cubismo, a casa da escritora Gertrude Stein e sua companheira Alice B. Toklas florescia como endereço de encontro e de debate entre pintores, escritores e críticos. A cada sábado, eles eram recebidos com a mesa posta, em uma época em que a comida era escassa. Bastava ao recém-chegado responder uma espécie de pergunta ritual: “Quem te enviou”? Para ter acesso a casa, suas conversas e as longas tardes que se desenrolavam no ateliê anexo. Nas paredes quadros de Gauguin, Braque, Matisse, Greco, Vallotton, Cézanne, como na época a maior parte deles não valia grande coisa, a porta do ateliê se abria com uma grande chave única, enquanto Alice fazia peixes, ovos e jardins.
Gertrude Stein era a figura de visibilidade do casal: sua casa era uma exposição constante dos pintores nos quais apostava. Sua literatura trazia padrões estéticos completamente novos e, ainda hoje, provocadores.
Enquanto isso, Alice Toklas era uma anfitriã impecável, além de amante e companheira, era a grande cozinheira da casa, primeira leitora, secretária atenta, revisora, editora, crítica e organizadora geral da obra de Stein.