
O aparente clima de tranquilidade nos corredores da Câmara de São Caetano esconde ainda um incógnita sobre os nomes que vão disputar a presidência da Casa para o biênio 2019/2020. Dois parlamentares já estão colocados para a disputa, Pio Mielo (MDB) e Edison Parra (PSB). Um acordo informal entre os vereadores, confirmado pelo RD, é o de que as discussões mais diretas em torno do tema só devem acontecer na próxima semana, a última antes da eleição marcada para o dia 15, portanto uma terceira via ainda pode surgir. O bloco de oposição, composto por quatro parlamentares não deve lançar candidato.
Parra, apesar do acordo, já fala abertamente de sua candidatura ao revelar o desejo de administrar a Casa. O socialista está no segundo mandato e já tem até plataforma eleitoral ao pregar transparência e comunicação mais eficiente do Legislativo com a população. “Eu sou contra a reeleição, não votei a favor quando derrubaram e votei agora também contrário quando foi aprovada a possibilidade do presidente se manter no cargo, fui coerente. A Câmara precisa de renovação e agora me sinto preparado; gostaria de tornar a administração totalmente transparente e fazer convênio com o curso de Comunicação da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) para produzir conteúdo jornalístico sobre o que acontece na Câmara”, afirma.
De outro lado o presidente que busca a reeleição, disse que, independente do resultado do dia 15, avalia ter feito um bom trabalho. “Eu finalizo este mandato alcançando aquilo que eu quis, que é trazer ares de mais modernidade e transparência para a Câmara. Acredito que isso foi bem aceito, tanto que me deram o direito de poder pleitear a candidatura”, disse Mielo, que também analisou a influência do prefeito José Auricchio Jr. (PSDB) na eleição da mesa.
A reportagem perguntou a Mielo se o prefeito sinalizou indicar um candidato de sua absoluta confiança, visto que é alvo de investigação pelo Ministério Público, que o acusa de receber doações irregulares na campanha de 2016. Se condenado Auricchio e o vice Beto Vidoski (PSDB) podem ter os mandatos cassados e o presidente da Câmara assumiria a cidade. “Com certeza essa situação não influencia nada, até porque o processo aqui ainda corre em primeira instância e o prefeito tem bom amparo jurídico”, diz. O vereador Marcos Fontes (PSDB) também avalia que a situação do prefeito não interferirá na eleição da mesa.
Os quatro vereadores de oposição, César Oliva e Ubiratan Figueiredo (PR), Chico Bento e Jander Lira (PP) estão entre os dois candidatos, com leve inclinação para Mielo. “O Ubiratan é vice neste mandato da mesa, se houver o compromisso de mantê-lo, e a tendência caminha para isso, podemos compor”, disse Jander Lira. Chico Bento confirma a informação. “Vejo com bons olhos”, comenta.
Polícia Federal
Enquanto os nomes se ajeitam e buscam apoios, Parra sai na frente e diz que já conversa individualmente com cada parlamentar e prega que, se eleito, vai revisar os contratos da casa, inclusive com a MC3. A empresa, com sede em São Caetano, foi alvo da Operação Tritão, da Polícia Federal, no último dia 31. Durante a ação policial foi preso o dono da empresa, Mário Jorge Paladino. Na ocasião, em seu escritório foi apreendido um cheque de R$ 200 mil para a campanha do deputado federal Marcelo Squassoni, que não foi reeleito. O deputado foi visto em São Caetano, durante conversa com empresário conhecido no meio político da cidade em um estabelecimento comercial próximo à Câmara na última semana. “Não tenho problema com isso, de verificar qualquer contrato, inclusive fazer auditoria”, disse Parra.
Squassoni (foto) alega em sua defesa que o cheque não chegou a ser apresentado, ele seria para pagar uma gráfica, mas antes do serviço a campanha acabou ficando sem dinheiro. Desde julho de 2017, a MC3 realiza substituição do acervo documental do Legislativo, contrato este que duraria um ano. Segundo nota oficial da Câmara “os serviços, até o momento, são prestados em condição de normalidade, dentro das cláusulas previstas contratualmente e com qualidade satisfatória aos anseios da Casa de Leis”.