
Quero que a minha música seja camélia é o desejo da cantora paulistana de 25 anos, Drik Barbosa. A referência vem da flor que foi símbolo abolicionista, usada nas lapelas de quem apoiava a libertação de negros escravizados, como indício de que poderia contar com apoio. “Meu som tem propósito, é refúgio, não só entretenimento”, afirma a artista, pela segunda vez no line up do Festival do Batuque, que acontece nesse fim de semana (15 e 16), no Sesc Santo André.
Com o primeiro EP Espelho lançado em março, Drik Barbosa integra a programação com grandes nomes do rap, como Slick Rick, que se apresenta pela primeira vez no Brasil, Mano Brown, Edi Rock, Karol Conka e Baco Exu do Blues. “É gratificante me apresentar pela primeira vez com tantos nomes. O rap ganha cada vez mais espaço”, conta Drik.
A preferência da cantora pelo ritmo e por relatar a realidade periférica veio aos 14 anos. Inspirada por nomes, como Lauryn Hill, Drik conta que ver negras cantoras a inspirou a externalizar sentimentos e se livrar de estereótipos. “Quando escolhemos o estilo, podemos colocar nossa verdade, o que está na nossa alma […] o rap sempre foi forma de resistência”, afirma.
Em conjunto com a produtora Laboratório Fantasma, o primeiro trabalho completo de Drik é um reflexo do seu Eu. “O nome vem da ideia de me encarar como sou ”, explica. Espelho é amarrado por cinco composições, como a que apadrinha o EP, Banho de Chuva, Inconsequente, Camélia e Melanina, em parceria com Rincon Sapiência. A ideia do reflexo também faz alusão à água, elemento que condiz com a personalidade da artista, que se transforma no palco. “A água é pureza e calmaria, mas é tsunami, o que representa bem as minhas nuances”.
O festival, que chega à nona edição com hip-hop, terá ainda o rapper britânico Slick Rick, conhecido como The Ruler, que chamou atenção em parcerias nos anos 1990 com Outkast e Mos Def. Os quatro discos da carreira fazem ponte entre o rap de gerações e garantem repertório de peso para apresentação, com os hits Children’s Story, Street Talkin’, La Di Da Di, regravada por Snoop Dog, além do mais novo single Snakes of The World Today.
Rimas & Melodias
Drik, que já se apresentou no festival com o grupo Rimas & Melodias, ressalta a importância do festival desse porte ter a preocupação em equilibrar o número de atrações femininas e masculinas. Nessa linha, abre as cortinas para Karol Conka que, com três álbuns na carreira, compõe o cenário atual do rap feminino. Karol é dona dos sucessos Tombei, Bate a Poeira, Lalá, É o Poder e Sandália. Para o show, trará o músicas do disco Ambulante, lançamento do ano, além de parcerias e outras autorais.
Segundo Drik, a vivência periférica é invisível o tempo todo. “É por meio da música e da arte que se muda a realidade”, diz. O rap que reflete sobre a realidade mais pobre do Brasil também terá espaço com Mano Brown e Edi Rock, que juntos fizeram parte do Racionais MCs, tradicional grupo do estilo. Já Baco Exu do Blues traz as influências do Nordeste para o rap com Sulicídio, 999, Esú, Me Desculpa Jay Z, Kanye West da Bahia, Faixa Preta, entre outras.
Para os dois dias do festival, o Sesc oferece serviço de van gratuito para translado entre a estação da CPTM Prefeito Celso Daniel e o festival, a partir das 16h, mediante a apresentação do ingresso.
Programação:
Sábado (15) – Karol Conká / Slick Rick / Edi Rock / Drik Barbosa / Pau Di Dá em Doido [XX Anos] / Sombra + DJ DVBZ.
Domingo (16) – Mano Brown / Slick Rick / Baco Exu do Blues / Edgar / Elo da Corrente & Matéria Prima / Bivolt + DJ Mako.
Festival: a partir das 17h. Ingresso: R$ 40. Tel.: 4469-1311.