
Durante a deflagração da operação Trato Feito, da Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira (13), o prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), e o ex-secretário de Governo e Transportes, João Gaspar (PCdoB), foram presos preventivamente, ambos suspeitos de manter esquema de pagamento de propina para vereadores da base governista e empresários que tinham contrato junto ao Município.
Segundo os investigadores do Ministério Público Federal (MPF) e da PF, Atila mantinha esquema de pagamento de propinas para empresários que mantinham contratos em relação à compra de merenda, materiais e uniformes escolares. Além disso, havia um “mensalinho” para os 22 vereadores da base governista para aprovação dos projetos no Legislativo.
“De fato, há indícios seguros de que estes vereadores recebem mensalmente vantagens ilícitas, de forma a integrar a organização criminosa que Atila constituiu e que é mantida mediante corrupção e desvios de recursos públicos. Note-se que a planilha acostada à fl.19 da representação policial revela que praticamente a totalidade do Poder Legislativo de Mauá tem estreita ligação com a organização criminosa liderada por Atila, pois dela recebem, de forma periódica e reiterada, vantagens ilícitas”, explica o relatório entregue ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3).
As investigações apontam que eram distribuídos entre 10% e 20% dos valores globais dos contratos para os vereadores, assessores e empresários. Exemplo exposto pela investigação foi em relação a uma medição datada do dia 22 de fevereiro de 2017, no valor de R$ 249.802,60. Do montante, R$ 49.960 foram divididos aos “beneficiários” do esquema.
Em todos os casos, não havia partilha igualitária. Os investigadores apontam a reforma do Parque Ecológico da Gruta Santa Luzia e obras de revitalização em 2017, realizadas pela empresa PARC – Projetos e Construção Civil Ltda., em parceria com o governo federal, onde supostamente o vereador Pastor José (PSDB) teria recebido R$ 15 mil em propina.
O esquema de propina foi descoberto a partir de agendas encontradas no apartamento de João Gaspar, no último dia 9 de maio, durante a deflagração da operação Prato Feito. Anotações que informavam os valores repassados e que os tinha recebido iniciaram a segunda fase da investigação. Segundo a PF, o ex-secretário é o responsável pela distribuição da propina.
Tensão na Câmara
Enquanto Atila e Gaspar eram presos, outros 54 mandados de busca e apreensão foram cumpridos, a maior parte deles em Mauá. Um dos principais focos foi a sede da Câmara de Mauá. Os gabinetes de 22 dos 23 vereadores (a exceção foi Marcelo Oliveira, PT) foram averiguados pelos policiais federais, que levaram documentos, celulares corporativos dos legisladores e projetos de lei aprovados entre 2016 e 2018.
Além disso, todos os parlamentares citados no relatório foram ouvidos pela Polícia Federal. A maior parte optou por realizar depoimentos em suas respectivas residências. O MPF chegou a pedir o afastamento dos envolvidos, porém o desembargador federal Maurício Kato negou ao afirmar que a atitude poderia deixar Mauá ingovernável.
Empresas e as casas de seus respectivos donos também foram alvos das buscas. Notas de real, dólar e euro foram encontradas em um cofre. No total foi encontrado mais de R$ 1 milhão. Também houve o afastamento do diretor de Abastecimento da Sama, Ailson Martins de Lima, e da coordenadora da Secretaria de Governo, Ione Scapinelli. A ação da PF incluiu o cancelamento de uma licitação que ocorreu em julho para a compra de veículos para a Companhia de Saneamento Municipal.
Confira as transmissões ao vivo do RDtv:
Confira as últimas entrevistas do prefeito Atila Jacomussi ao RDtv