
A Secretaria de Segurança Pública do Estado divulgou nesta quinta-feira (24) os últimos dados estatísticos da criminalidade em relação a 2018. Em comparação com 2017, o número de casos de estupro de vulnerável registrados no ABC subiu 11,55%. São Bernardo, Diadema e Santo André apresentam as maiores altas das denúncias.
Nos 12 meses do ano passado foram registrados 355 casos, 41 a mais do que no ano anterior. São Bernardo foi a cidade teve o maior número de registros, 109 queixas, 24,7% a mais no ano passado. Diadema teve a segunda maior alta, 21%, e passou de 45 para 55 denúncias apresentadas. Santo André apresentou 12% de aumento no número de notificações, ao saltar de 73 para 83 ocorrências.
São Caetano e Mauá também apresentaram alta (6,66% e 6,55%, respectivamente). Ribeirão Pires teve a maior queda no número de notificações, 38,4%, pois caiu de 26 para 16, enquanto Rio Grande da Serra apresentou redução de 17 para 14 (-17,6%). Segundo o artigo 218, do Código Civil, induzir menores de 14 anos a ter relações sexuais pode resultar em pena de dois a cinco anos de reclusão.
Verdadeiro cenário
Para a delegada titular da Delegacia de Defesa da Mulher de Diadema, Renata Cruppi, a maior parte das notificações apresentadas acontece muito tempo depois do ocorrido, quando as vítimas começam a falar com familiares e amigos sobre o estupro. No caso de crianças, o cuidado é redobrado na abordagem da vítima. “Muitos casos acontecem com crianças entre quatro e cinco anos. Temos de ter cuidado para conseguir pegar as informações necessárias, principalmente em tratar de detalhes que podem aumentar o trauma. Então é importante saber tratar do assunto”, explica.
O coordenador do Observatório de Segurança Pública da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), David Siena, explica que o perfil daqueles que estupram menores de 14 anos é diferente do que a maior parte da sociedade imagina. “Ainda temos a imagem do pedófilo que é apresentado pelos filmes, aquele cidadão introspectivo, quieto, misterioso que pode ser perigoso. A maior parte destes casos ocorre com pessoas de confiança da família, amigos próximos, ou seja, aquele que tem mais facilidade para aproximação”, afirma.
Siena também salienta que os números apresentados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado não apresentam a realidade. “Temos muito mais casos, com certeza. Temos de lembrar que todos esses casos são os notificados, mas muitas pessoas acabam não falando sobre o assunto por medo ou por outros motivos”, diz.
Renata Cruppi afirma que a divulgação das informações destes tipos de caso ajuda no aumento das denúncias, porque muitas crianças e adolescentes fazem a denúncia a partir do momento que assistem uma notícia na televisão ou acabam lendo sobre algum caso em jornal ou site. “Isso faz com que se tenha um maior número de notificações”, completa.