A segunda pesquisa do instituto ABC Dados, divulgada nesta quarta-feira (30/01) mostra grande otimismo dos moradores da região em relação ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) que ainda não terminou seu primeiro mês de mandato. O instituto ouviu mil pessoas das sete cidades da região entre os dias 11 e 15 de janeiro e os dados mostram que 58% consideram que o presidente fará um governo ótimo ou bom.
Dentre os entrevistados 21% acreditam que seu governo será apenas regular e 14% avaliam que o governo será ruim. A expectativa positiva é acima da média entre os evangélicos, entre aqueles com ensino superior e renda mais alta. Nesses segmentos, a expectativa de um governo ótimo ou bom fica acima dos 60%
A cidade onde a expectativa de bom desempenho do governo Bolsonaro é mais alta é São Caetano onde 75% dos moradores esperam que Bolsonaro faça um governo ótimo ou bom. Mauá é a única cidade da região do ABC onde a expectativa negativa (de ruim e péssimo) está acima da média. Lá 31% dos dos moradores acreditam que o governo Bolsonaro será ruim ou péssimo.
A pesquisa ABC Dados foi coordenada por Maurício Mindrisz e Marcos Soares, que participaram nesta quarta-feira do RDTv e foram entrevistados pelo jornalista Carlos Carvalho. Para ambos as expectativas sobre o governo estão ainda muito ligadas à campanha eleitoral do ano passado e pouco sobre as propostas de governo. Segundo Marcos Soares, o eleitor deve ainda dar um tempo para que o governo implemente suas políticas públicas. “Essa expectativa alta deve se manter por este ano”.
A pesquisa também mostra grande expectativa em relação a melhora econômica do país. A maioria dos moradores do ABC (52%) acredita que a situação econômica do país vai melhorar nos próximos meses; 36% acredita que a situação deve ficar como está e 10% acredita em piora.
Os evangélicos são os mais otimistas, 64% acreditam que a situação econômica do país vai melhorar. Os moradores de São Caetano, novamente são os mais otimistas em relação à situação econômica do país, pois 77% acredita que haverá melhora nos próximos meses e apenas 10% acredita em piora.

Em relação à situação econômica pessoal, o otimismo dos moradores do ABC é ainda maior. 59% acredita em melhora, 33% acredita que ficará como está e apenas 6% acredita em piora de sua situação econômica. Evangélicos e moradores de São Caetano também são os mais otimistas em relação à sua situação econômica: cerca de 70% acredita que haverá melhora nos próximos meses. E ainda 40% dos moradores do ABC acredita que o poder de compra dos salários vai aumentar daqui para frente. Há otimismo também em relação à queda do desemprego, da corrupção e da violência. A maioria acredita que haverá diminuição desses problemas.
“É muito provável que esse ano se observe melhor alguns indicadores econômicos, até o desemprego pode ter alguma queda, se isso de fato acontecer, esse tempo que o eleitor costuma dar de confiança ao governo pode se estender um pouco mais. Tenho a impressão que o governo mantenha esse otimismo ao longo do ano pelo menos”, diz Marcos Soares. Já Maurício Mindrisz aponta que o novo Congresso ainda vai assumir e tem grandes desafios pela frente como a reforma da Previdência, por exemplo. “Vamos ver como o governo vai reagir a essas mudanças. A paciência é esse ano, não dá para imaginar que vai durar muito tempo”, analisa.
Sobre a situação econômica do país; 52% acha que vai melhorar
Para Marcos Soares, a grande expectativa de melhoria da economia, opinião de 52% dos entrevistados do ABC, está influenciada pela campanha. “Essa é uma expectativa gerada em torno da campanha, que o eleitorado ainda tem, mas que o presidente pouco falou a respeito. Mesmo quando passou a bola para o ministro Paulo Guedes, este foi muito superficial, para que se justifique uma expectativa desse tamanho. “Especialistas tem analisado que as propostas apresentadas podem até piorar o nível de emprego. Isso é um risco, se lá na frente as reformas propostas forem aprovadas e isso não redundar em diminuição do desemprego, e resultar no aumento da precarização, isso vai se tornar uma reversão. Mais ou menos o que aconteceu com o segundo governo Dilma” analisa.
Segundo Soares, as expectativas criadas tem pouco ou nada a ver com o que tem sido defendido pelo governo. “As pessoas estão esperando que o governo entregue o que não se comprometeu a entregar. Ambos (Bolsonaro e Guedes) defendem a reforma aprovada no governo Temer, que é a precarização (das relações do trabalho)”, considera o pesquisador que citou o exemplo da General Motors, cuja matriz americana considera fechar as fábricas no Brasil. “A GM mandou o recado; abram mão de todos os seus direitos que mantemos a empresa funcionando, esse é o novo normal do país”, destaca. “Temos percebido que a expectativa das pessoas é oposta ao que se vislumbra no futuro”, conclui.
A pesquisa ABC Dados tem margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos e 95% de margem de segurança. O instituto já tem novas pesquisas para divulgar, a próxima diz respeito às principais propostas do governo Bolsonaro. A ideia é saber a adesão das pessoas sobre temas como escola sem partido e porte de armas. A outra pesquisa prevista para ser divulgada nos próximos dias é sobre a Democracia, que vai avaliar o quanto os moradores do ABC a defendem, ou se estariam dispostos a um governo mais autoritário e também sobre posicionamento político, se consideram ser de esquerda ou de direita.