
A iniciativa da Prefeitura de São Bernardo de tomar posse dos terrenos em estado de abandono e que acumulam dívidas de tributos com o município há mais de 5 anos é muito bem-vinda, porque na última década a desindustrialização do ABC deixou inúmeros prédios industriais vazios e estes se tornaram ruínas, pois não houve interesse em ocupá-los. Mais recentemente a região viu um número enorme de postos de combustível serem fechados e vários deles estão igualmente em ruínas.
Esses imóveis abandonados transformaram-se em verdadeiras cidades fantasma, cheias de lixo. Se tornaram abrigos para criminosos e usuários de drogas, além de oferecerem riscos de desabamentos e à saúde pela concentração de vetores de doenças, como ratos, escorpiões, mosquitos transmissores da dengue, chikungunya entre outras. Além de tudo isso, desvalorizam-se os imóveis vizinhos e a reação em cadeia resulta em mais imóveis vazios.
São Bernardo anunciou uma lei para embasar a posse dos imóveis em abandono. Ela se completa com outra lei federal. Deu a base jurídica necessária para que o município possa agir, ocupar o espaço que parece ser o limbo da cidade. A presença do poder público resolve todos esses problemas e traz ainda soluções para a cidade ao ocupar as áreas com serviços públicos e dar vida nova ao entorno.
A iniciativa deveria ser copiada por outras prefeituras, afinal não há município da região que não sofra com propriedades abandonadas. Santo André tem vários prédios industriais no eixo da avenida dos Estados, que aguardam locatários há muito tempo. Essa faixa de abandono segue até Mauá. Diadema que já tinha na sua periferia monstruosos galpões dos anos 1970, em deterioração com o tempo, agora também vê isso acontecer no principal corredor da cidade, a avenida Fábio Eduardo Ramos Esquível. São Caetano tem as ruínas da Matarazzo, mas com solo contaminado. Até mesmo Ribeirão Pires e Rio Grande contam com terrenos abandonados. Enfim, fica a dica para os prefeitos do ABC seguirem o exemplo.