
Em 13 meses, entre janeiro do ano passado e a segunda semana deste mês, o feijão subiu 100%, passando de R$ 3,68 para R$ 7,38 em média. Algumas marcas mais populares chegaram a R$ 9,99 na semana de 7 a 11 de fevereiro, segundo a pesquisa feita pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), que avalia os itens da cesta básica nos supermercados de toda a região.
De acordo com o engenheiro agrônomo responsável pela análise da pesquisa, Fábio Vezzá de Benedetto, a explicação está na safra e nas condições meteorológicas. “Todo ano esse fenômeno acontece, mas foi mais intenso agora por dois fatores; o preço no mesmo período do ano passado que estava muito baixo e o outro fator é o clima; tivemos um verão de muitos extremos – muito quente e com muita chuva – e a umidade prejudica a qualidade, deixando o grão bem mais caro”, explica.
O produto já é o segundo item mais caro da Cesta Básica pesquisada pelo órgão, perdendo apenas para a carne. Para a comparação a Craisa considera o consumo médio de 6 quilos de feijão por mês, comparados com três quilos de carne de primeira (Coxão Mole).
O RD visitou alguns supermercados da região e o preço do feijão carioca variou entre R$ 6,89 e R$ 8,85 (veja tabela). Os consumidores ouvidos pela reportagem disseram evitar o grão. A dona de casa Elizabete (preferiu não revelar o nome completo) disse que ficará sem o produto até que baixe de preço. “Não vou comprar, a gente tem que fazer boicote, vou ficar sem feijão”, disse enquanto fazia compras no Supermercado Sonda da avenida Caminho do Mar, em São Bernardo.

A aposentada Neide Porto dos Anjos, de 60 anos, moradora do bairro Rudge Ramos, também em São Bernardo, vai usar a criatividade para substituir o feijão. “Uma opção para substituir é a lentilha”, disse.
Outra que procura alternativas enquanto o preço está alto é Rafaela de Souza, administradora de 30 anos, moradora do Bairro Jardim, em Santo André. “Eu opto por marcas diferenciadas e outros mercados. A gente sente muito no bolso, então vamos substituindo pelo o que der, compra salada, grão de bico ou lentilha. Outra maneira de comprar é na Casa do Norte, que sai muito mais em conta, porque é a granel”.
Outra que procura opções para substituir o feijão é a dona de casa Magda Vanessa dos Santos Garrote, de 42 anos, moradora do Parque Marajoara, em Santo André. “Está muito caro, mas apesar disso comprei um quilo, mas normalmente eu compro três ou quatro e com muita frequência, mas vou substituir pela lentilha ou ervilha”, relata.
A artesã Fabiola Vieira Pereira, de 44 anos, da Vila Rosa, em São Bernardo, reclamou do preço. “Achei um absurdo, sorte que vem na cesta básica. No valor que está consigo comprar meio quilo de carne. Compro com muita frequência, até porque tenho três filhos e não dá para ficar sem”.
A opção por outro produto, no entanto, não é a posição da maioria dos consumidores que está muito acostumada a consumir o feijão carioca. Segundo o engenheiro agrônomo da Craisa, mesmo com outras opções mais baratas o consumidor não deixa de comprar o que dificulta a regularização dos preços. “O paulista não deixa de comprar, nem mesmo com o feijão preto estando mais barato, é uma questão cultural; no Rio de Janeiro se consome mais o preto, em São Paulo o carioca, o consumidor não migra”, avalia Benedetto.
O engenheiro da Craisa diz que como há quatro safras de feijão por ano, a tendência é que os preços caiam entre maio e junho. “Mas não é possível saber quanto”, finaliza. (Colaborou: Fernando Scerveninas).