
As mais de 3 mil famílias que vivem nas áreas invadidas de Santo André, núcleos Toledanos, Missionários, Cruzados 1 e 2, Dominicanos, Campineiros e Lamartine, tem agora mais uma preocupação, além da regularização de moradias erguidas pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). Os moradores contam que passaram a receber cobrança mensal de uma taxa que varia de R$ 10 a R$ 50, por parte de uma mulher e advogado desconhecidos, com a justificativa de regularização das moradias.
De acordo com informações, é Jussara, Genilda e Gilberto os responsáveis pelas cobranças. As famílias invasoras contam que pelo menos uma vez ao mês, os cobradores vão às ruas com carros de som e solicitam a contribuição para a regularização. Um dos contribuintes, que preferiu não ser identificado, conta que mensalmente formam filas de moradores para efetuar o pagamento com medo de ser despejado. “As pessoas pagam porque são ameaçadas e tem medo de acontecer alguma coisa. Eu não pago, nem sei para onde vai esse dinheiro”, afirma.
Com a luta para auxiliar a comunidade carente, Anderson Dalecio, integrante do setor de organização do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) diz desconhecer a cobrança e que não vem do movimento, uma vez que o mesmo é composto por famílias vítimas do aluguel, do puxadinho e/ou moradia precária. “Nas ocupações, as famílias se auto organizam e cuidam coletivamente do espaço e das tarefas diárias, sem qualquer tipo de cobrança”, explica.
Já a Prefeitura de Santo André, por meio da Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária, também desconhece a prática, e informa não admitir práticas ilegais de arrecadação de recurso sob alegação de regularização de moradias. Informa ainda que ações emergenciais como remoções de moradias em risco de nível 4 acontecem em parceria com a CDHU pela necessidade apontada pela Defesa Civil em razão das fortes chuvas que assolam a cidade nestes períodos.
Reintegração
Nesta terça-feira (26/2), parte dos moradores da rua Toledanas foram retirados do local por ação de reintegração de posse. Antes da ação, a CDHU chegou a colocar placas nas áreas para informar que os espaços são de prioridade da companhia estadual e objeto de reintegração de posse.