
Com a Copa do Mundo de Futebol Feminino, aumentou o interesse de meninas pela modalidade. Diversos times da região registraram aquecimento na procura e até fazem planos para criação de projeto somente para as garotas, como a Planet Society, em São Bernardo. Mas enquanto escolinhas e clubes não oferecem treinos somente com meninas, em razão ainda do número insuficiente de atletas, as jogadoras treinam com os meninos. No começo, dizem, é estranho, mas ao dominarem a bola o jogo corre normal.
Desde os 7 anos, Gabrielly Conte, 17, mostrou interesse pelo futebol e começou a jogar na escolinha do São Caetano, com os garotos, por não haver quantidade suficiente de meninas para completar uma equipe. “No começo era meio estranho jogar com os meninos porque eles me tratavam diferente e quase nunca tocavam a bola, mas com o tempo me acostumei e também melhorei. Aí, eles mudaram comigo e passaram a me tratar normal”, explica.
A jogadora, que atua no Sub-18/ Sub-20 do São Bernardo, já passou por diversos times depois da escolinha. “Joguei no Portuguesa, depois fiquei um ano e meio no Corinthians, aí fui para o futsal feminino do São Caetano, o Asape de Guaianazes e o Sub-17 do Corinthians”, completa.
A Planet Society, com unidades na vila Santa Terezinha e em Rudge Ramos, está animada com o maior interesse das meninas pelo esporte. “Neste ano começamos a receber mais ligações para a escolinha do futebol feminino, inclusive estamos com planos de começar um projeto maior para as meninas em uma das unidades”, diz o proprietário Júlio César Queirós, que ministra aulas para alunas de três a 17 anos, com mensalidades de R$ 120.
Em Santo André, a Academia de Futebol São Caetano/Azulão Capuava registrou aumento de 30% na procura por aulas. Atualmente o time possui 25 alunas, com idades entre três e 30 anos, que realizam treinos em equipes mescladas, formadas por meninos e meninas. Aos sábados, apenas em equipes femininas. “A competição despertou a vontade, claro, mas isso tem crescido muito este ano”, afirma a treinadora do Azulão Capuava, Cássia Melo, ao ressaltar que os municípios precisam valorizar, apoiar e oferecer estruturas adequadas para o futebol.
Apesar da procura, o número de meninas ainda é baixo, diz. Por isso, alunas de até 13 anos treinam com os meninos da mesma idade. Acima de 14 anos, participam de equipe toda feminina, sem categorias específicas. Quem iniciou com os meninos foi Cássia Melo, que começou a jogar aos sete anos. “Na época, era mais difícil ter equipes femininas, então eu tinha de jogar com os meninos para poder praticar o esporte”, diz. A mensalidade custa R$ 60.
Outro local que teve aumento na procura foi a Pro-Soccer Escolas de Futebol, em Diadema. “Na primeira semana de Copa, diversas meninas ligaram e fizeram aula experimental, foi novidade para nós. Achamos muito legal o interesse delas”, diz Bianca Ramos, auxiliar administrativa do local. Com 10 alunas, a escola, com unidades no bairro Taboão e Vila Conceição, também mescla com times masculinos, de acordo com as idades e categorias. A Pro-Soccer oferece treinos em todos os períodos, com valores a partir de R$ 110.
Ainda em Diadema, o Esporte Clube Água Santa iniciou a montagem do departamento feminino de futebol e, em parceria com o município, monta equipe para disputar o Paulistão Sub-17, que começa em agosto. Será a primeira competição em que meninas vão vestir a camisa do Netuno. Hoje o elenco tem 25 atletas.