
Marcar consultas ou exames nas unidades básicas de saúde (UBSs) não é tarefa fácil para os usuários, que precisam se deslocar até os postos e enfrentar filas. O agendamento no serviço público seria mais prático se pudesse ser realizado com o uso do celular, facilidade utilizada faz tempo pela rede particular, que usa aplicativos próprios ou tecnologias conhecidas, como WhatsApp e Messenger, para se comunicar com os pacientes.
No entanto, a facilidade ainda está distante da realidade dos usuários da saúde municipal e do Sistema Único de Saúde (SUS) no ABC. A exceção é o aplicativo Meu digiSUS, que oferece alguns serviços, mas não agenda consultas e é alvo de reclamações pelo funcionamento. O autônomo Renan Gonçalves, 30, conta que já usou o aplicativo do SUS para acessar o Cartão Nacional de Saúde (CNS) e acredita que a oferta de marcação de consulta facilitaria o processo. “Se tudo fosse eletrônico seria melhor”, diz o morador de Santo André.
Quem se beneficiaria do serviço ressalta como o agendamento on-line ajudaria muito. É o caso da atendente de telemarketing Jacqueline Ferreira, 26, de Santo André, que sempre se atrasa no trabalho quando precisa marcar consulta. “Como não é consulta, eles não dão atestado, o que complica para a gente”, diz.
Thaís Milano Ribeiro, 23, de Ribeirão Pires, também reclama da dificuldade de conciliar o trabalho e a necessidade de ir até a UBS para marcar consulta. Para a assessora parlamentar, o horário do posto, das 7h às 17h, coincide com a agenda de quem trabalha. “Com o agendamento on-line, eu conseguiria ver as datas próximas e me planejar mais na hora de marcar médico”, afirma.
Apesar de ter convênio, a recepcionista Juliana Donato, 26, precisou, na quarta-feira (10), ir ao posto no centro de Santo André para aplicar a vacina BCG no filho recém-nascido. Ao chegar, no entanto, foi avisada de que a vacina só é aplicada de quinta-feira, informação que não conseguiu por telefone. “Se tivesse como ver isso on-line antes de chegar aqui, nos ajudaria muito e não perderia tanto tempo”, lamenta.
Elizete Nunes Coelho, 40, conta que a falta de comunicação eficiente com as UBSs a obrigou ir a vários locais antes de conseguir se vacinar contra a gripe, porque os telefones não funcionam. Com a necessidade de reforçar doses de outras vacinas, o que só poderá ser feito daqui 30 dias, Elizete se preocupa com o tempo que será gasto no processo. “O acesso à informação via internet facilitaria nossa vida”, diz a supervisora financeira de Diadema.
Para a vendedora Elisabeth de Araujo, 55, que usa a UBS de Rudge Ramos, em São Bernardo, tecnologias, como WhatsApp, lhe evitariam ir pessoalmente até a unidade sempre. “Algumas vezes vou e não encontro o remédio que preciso tomar”, comenta.
Prefeituras
Questionadas sobre a possibilidade da implantação de agendamento de consultas on-line, as prefeituras de Santo André, São Bernardo, Mauá e Rio Grande da Serra informam, em nota, que nenhuma plataforma do gênero está disponível. São Bernardo afirma que estuda a possibilidade de adotar o serviço, que já existe de forma interna entre as UBSs, mas ainda não tem data definida. Ribeirão Pires avalia ainda o uso do WhatsApp nos agendamentos. São Caetano e Diadema não responderam até o fechamento da reportagem.
Um dos exemplos de serviço de agendamento on-line é o aplicativo Saúde Já, que funciona em Curitiba, capital paranaense. Por meio da plataforma, os munícipes podem ter acesso ao agendamento de consultas em smartphones ou desktops. Além disso, o aplicativo permite acesso a histórico médico, carteira de vacinação e outras informações.