Catorze árvores da Praça Castelo Branco, no Centro de Diadema, estão marcadas com tinta vermelha o que significa que serão derrubadas durante a reforma prevista para ser realizada no local. O Conselho do Patrimônio Histórico conseguiu a mudança no projeto original para evitar a derrubada das árvores, mas alega que o compromisso firmado com a prefeitura não está sendo respeitado. Os conselheiros prometem protestar na Câmara, nesta quinta-feira (05/09) durante a sessão legislativa.
A empreiteira Codal Engenharia já começou a instalar o canteiro de obras no entorno da praça. A licitação que aconteceu entre março e abril, envolveu recursos de aproximadamente R$ 2,5 milhões. A previsão inicial era que a obra começasse ainda no primeiro semestre para ser concluída até o final do ano.
Desde agosto de 2017 a prefeitura e comerciantes da região discutem sobre a necessidade de reforma da praça, que tem piso irregular, problemas de drenagem e aparelhamento urbano antigo. Em junho do ano passado a prefeitura finalmente anunciou a reforma, mas a criação de área de estacionamento na praça e a redução das árvores chamaram a atenção dos conselhos de Meio Ambiente e de Proteção do Patrimônio Histórico. Em julho a promotora Cecília Maria Denser de Sá Astoni, instaurou inquérito para apurar a supressão de árvores da praça.
Ao encontrar as árvores marcadas para serem derrubadas, a integrante do Conselho do Patrimônio Histórico, Loli Gagliardi, se disse surpresa. “Nas reuniões com o conselho eles (prefeitura) informaram que não iam cortar nenhuma árvore. O compromisso com a reforma da praça era regularizar a drenagem e o esgoto e infelizmente estamos vendo que já teve poda nas árvores e agora elas foram marcadas para serem derrubadas. A praça é um bem cultural, definido por lei, e tem que ser preservada, porque é antiga e significa muito para a memória de Diadema”, declarou.
Loli diz que o conselho quer a preservação das árvores e das luminárias. “Tivemos que recuar com o piso (que é feito de mosaico português) porque entendemos que a manutenção é muito cara e as pessoas escorregam, mas solicitamos que fosse feito um totem explicando o que é o mosaico”. A exemplo do Condema (Conselho de Meio Ambiente) que no ano passado apresentou denúncia ao Ministério Público que acabou se tornando inquérito civil, o Conselho do Patrimônio não descarta a possibilidade de recorrer à Justiça, mas antes vai tentar negociar com a prefeitura. “Vamos tentar uma reunião com o Secretário de Obras ou com a do Meio Ambiente, a gente não gostaria de ir ao MP“, finaliza a conselheira.

Em nota, a prefeitura de Diadema, admitiu o corte de 14 árvores e disse que o Condema autorizou. “A construtora já está preparando o canteiro de obras. O projeto passou pelo Condema. Obedecendo a Lei Municipal 3.720 de 2017 serão suprimidas 14 árvores que apresentam risco de queda devido a problemas fitossanitários e outros, sendo que 4 destas já estão mortas. A prefeitura vai realizar a “Compensação Ambiental” providenciando o plantio de mudas nativas da Mata Atlântica na própria praça”.
Francisco de Assis Cardoso, integrante do Condema, confirma que o projeto foi discutido no conselho, mas relata que o que ficou acordado é que nenhuma árvore seria removida. “O projeto passou mas sua implementação está em desacordo com o que foi combinado. Pedimos um estudo para que a fiação (motivo alegado para a remoção das árvores) poderia ser enterrada durante a reforma, isso nem é tão caro assim, mas parece que não houve esforço nenhum por parte da prefeitura neste sentido”.
Integrantes dos dois conselhos se organizam para um ato na Câmara, nesta quinta-feira. “A ideia é obter apoio dos vereadores, usar a tribuna e explicar o que foi combinado com o Condema”, conclui Cardoso.