
A prefeitura de Diadema cortou na tarde desta quarta-feira (25/09) as árvores da Praça Castelo Branco, motivo de discussão com os conselhos do Patrimônio Histórico e de Meio Ambiente, além de alvo de investigação pelo Ministério Público através de inquérito civil. Pelo menos cinco árvores já foram cortadas.
Na última quinta-feira (19/09) integrantes de grupos da terceira idade foram até a Câmara reivindicar informações sobre o projeto de reforma da praça, e se manifestaram contra o corte das árvores. Após o pronunciamento, os idosos foram até a praça e simbolicamente abraçaram as árvores, justamente as que foram cortadas. Em resposta ao manifesto foi marcada uma reunião, que ocorreria na terça-feira (24/09) na Câmara, mas a secretária Tatiana Capel não quis falar com os idosos na presença da imprensa e foi embora.
A prefeitura alega que algumas seriam cortadas por problemas fitossanitários, porque estavam com estrutura comprometida por conta de podas drásticas, e também por adequação ao projeto. A administração sustenta ainda que as 14 árvores que serão retiradas e as 23 que serão removidas para outros pontos da cidade serão compensadas com o plantio de outras 70.
Para a bióloga, professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), e voluntária da Ong SOS Mata Atlântica, Marta Marcondes, nada compensa as que foram cortadas. “Cada árvore é um ser vivo que tem um ecossistema próprio e cada uma tem o seu papel, é um ser único que não tem o que possa ser feito para compensar. Não tem cabimento compensar com 70 mudas; o ideal seriam as 70 mais as 37 que vão tirar. O projeto de reforma tem que se adequar as que já estão e plantar mais”, analisa.
A especialista aponta ainda problemas na área da saúde. “A árvore está lá há anos segurando uma onda de poluição enorme, isso é provado cientificamente, agora os moradores vão estar expostos a toda essa poluição, pois as árvores novas vão demorar para ter uma copa grande suficiente para conter as partículas. 100 mil pessoas morrem por ano por conta de doenças causadas pela poluição. A prefeitura pensa que vai ganhar, mas na verdade o gasto com a saúde pública será muito maior, ou seja, não vai valer à pena (o corte de árvores)”, conclui.
A presidente do Conselho do Patrimônio Loli Gagliardi, estava inconsolável, ao ser procurada pelo RD. “Hoje não dá para pensar em nada. Acho que faltou a promotora (Cecília Maria Denser de Sá Astoni , que instalou o inquérito civil) informações. Ela avaliou apenas a questão do meio ambiente, mas não a do patrimônio”, apontou.
O vice-presidente do Comdema (Conselho Municipal de Meio Ambiente de Diadema), Francisco de Assis Cardoso, também lamentou a derrubada. “É uma notícia triste, lamentável a perda de um bem cultural tão importante e no meio de uma discussão que ainda não tinha se esgotado, é um descaso completo com a história da cidade”.
Procurada no início da noite desta quarta-feira (25/09), a prefeitura de Diadema não se manifestou.