
Sueli Longo*
A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta a obesidade como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. O número de crianças e adolescentes (de 5 a 19 anos) obesos aumentou 10 vezes nas últimas quatro décadas, e passaram rapidamente de uma maioria com desnutrição para uma maioria com sobrepeso em muitos países de baixa e média renda.
A obesidade é considerada uma doença crônica, multifatorial e o distúrbio nutricional mais comum na infância. O excesso de peso nesta faixa etária aumenta o risco de obesidade na adolescência e, consequentemente, na vida adulta, com graves consequências para a saúde, pois constitui o segundo fator de risco mais importante para várias doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e cirrose.
O aumento crescente do número de obesos no mundo indica a grande participação do ambiente na gênese da doença, com hábitos alimentares, sedentarismo e fatores psicossociais responsável por 95% dos casos.
De acordo com a nutricionista Priscila Maximino, especializada em atendimento a bebês e crianças, o combate a esta doença deve ter início na fase de gestação, quando a mãe deve adotar um estilo de vida saudável, que proporcione ao feto um ambiente equilibrado nutricionalmente. Logo após o nascimento, o bebê precisa receber o leite materno, que deve se manter exclusivo até o sexto mês. Durante os dois primeiros anos de vida é importante que o bebê não coma alimentos açucarados ou adoçados.
Quando o assunto é prevenção temos de adotar um olhar mais cuidadoso para a infância, que visa a saúde do futuro adulto. Não basta agir diretamente na criança. Temos de avaliar todos os segmentos da sociedade que a rodeiam e que servem de modelo para ela.
O sedentarismo é outro índice alarmante entre crianças e adolescentes. O dispêndio de energia que antes era muito comum nesta faixa etária está cada vez menor. Há muita energia para gastar sendo acumulada! O prejuízo recai também sobre os valores que o brincar e o esporte despertam.
Se por um lado temos o aumento da obesidade, por outro temos o culto ao corpo magro e forte, que bate à porta desde a mais tenra idade. Relatos de bullying são muito frequentes entre crianças e adolescentes obesos.
Os rumos que tal discriminação poderá tomar são diversos e preocupantes. Vale tudo para poder se adequar ao padrão da moda, de restrição de energia e alimentos aos transtornos alimentares; de chás e shakes aos medicamentos controlados, da tristeza à depressão. Quem pensa que isto é coisa de adulto deveria perguntar as crianças o que elas pensam sobre o assunto.
Investir em hábitos saudáveis de vida é possível em qualquer faixa etária. Educar as crianças em um hábito de vida mais saudável é cuidar para um futuro com mais saúde e bem-estar físico, mental e social.
*Sueli Longo é especialista em Nutrição e Esporte, mestre em Comunicação em Saúde pela Universidade Metodista. Foi professora da Metodista por 16 anos; nutricionista da Seleção Brasileira Masculina de Handebol e hoje é sócia-proprietária do Instituto de Nutrição Harmonie, em São Caetano, e presidente do 15º Congresso Nacional da SBAN – Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição.