
Em celebração ao dia de Nossa Senhora Aparecida (12 de outubro), milhares de romeiros estão em peregrinação pela via Dutra, a caminho do Santuário de Aparecida (180 km de SP), um dos maiores símbolos cristãos do mundo. As caminhadas iniciaram na última semana e, de acordo com a concessionária Nova Dutra, somente no último fim de semana, 3,1 mil peregrinos passaram em direção à Basílica.
Todos os anos, os grupos saem de diferentes locais do País e carregam consigo histórias de devoção, pedidos e agradecimentos à santa. Caso dos 300 fiéis da Paróquia São Judas Tadeu, que segunda-feira (7) saíram a pé do bairro Campestre, em Santo André, a caminho de Aparecida do Norte com apoio de ônibus e carros que carregam as bagagens e prestam auxílio aos romeiros numa viagem em que trilham cerca de 60km/dia.
O descanso, embora ligeiro, acontece em hotéis e pontos de parada. Quem participa pela primeira vez, caso do analista Paulo Henrique Barbosa, 45, assume o cansaço, mas não se desmotiva a agradecer às conquistas. “Andamos 53 km no primeiro dia, mas me sinto orgulhado, pois sei que valerá a pena”, diz empolgado.
A autônoma Michele Fernandes Zulim, 41, participa pela sexta vez consecutiva da viagem e diz se sentir fortalecida a cada vez que chega ao lugar sagrado. “Desde que comecei a vir não consegui parar, recebemos as graças e isso nos motiva”, conta ao lembrar da primeira romaria, fragilizada com a morte do marido. “Estava mal e fui buscar conforto. Comecei a receber bênçãos e me sinto tocada a continuar”, explica. Seis anos depois, a autônoma volta ao santuário para agradecer.
Em Mauá, um grupo de cinco fiéis saiu domingo (6) da Paróquia São José Operário e levou cinco dias para chegar a Aparecida. Sem quilometragem fixa, percorreram ao menos 50 km/dia. “Caminhamos até nossos pés cansarem”, explica Maria Bezerra Andrade, 51, organizadora e participante da peregrinação pelo terceiro ano consecutivo.
Via Dutra
Com ao menos três mortes contabilizadas este ano, a NovaDutra instalou faixas de sinalização no acesso da Rota da Luz SP – que passa por Mogi das Cruzes e cidades dos Vale do Paraíba – caminho indicado para as peregrinações com menor circulação de veículos como tentativa de diminuir o índice de atropelamentos.
O autônomo Wilson Roberto Simões, 51, pesquisou e escolheu a Rota para trilhar o caminho. Desacompanhado, o fiel de Ribeirão Pires aproveitou a última semana de férias e foi até Mogi das Cruzes de ônibus na última terça-feira (8) e de lá seguiu o caminho até Aparecida com 13 km de bicicleta ao dia. “Quando acordei, não planejava viajar por conta do tempo chuvoso, mas não queria perder a semana da padroeira”, declara.
Simões conta que, ao longo do caminho, encontrou diversos pontos de apoio para descanso e foi bem recepcionado pelos religiosos e quem ajuda os romeiros. “Tem muitos caridosos que levam água, comida e frutas. São totalmente dispostos a ajudar quem precisa porque sabem da importância do feriado para nós”, acrescenta. Caso do organizador e romeiro Selso Romario de Santana, que nos dias 9 e 10 montou barraca de apoio na divisa de Caçapava e Taubaté para ajudar quem estava em peregrinação.
Na visão do vigário geral da Diocese Santo André, Ademir Santos de Oliveira, a admiração e a devoção do brasileiro por Nossa Senhora Aparecida são antigas e crescem a cada ano, assim como as peregrinações. “É um momento que aflora a dimensão de fraternidade e cada vez mais as pessoas se solidarizam, vão, oram e agradecem”, explica.
Em geral, seja qual for o sentido da peregrinação ou afloramento do sentimento de solidariedade e amor ao próximo, o padre defende que é momento de compaixão, renovação da fé e resultado da necessidade da humanidade de evoluir e buscar conexão maior com Deus.