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Os moradores das ruas Gema e Jacuí, no Jardim Campanário, em Diadema, estão sendo prejudicados com uma fumaça densa que invade as casas, inclusive à noite. A fumaça viria das chaminés da empresa Resinpó, indústria química, que por sua vez alega que o resíduo não é tóxico e se trata apenas de vapor. A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) informou que a empresa tem autorização para funcionar.
Morador da rua Jacuí, Rafael Moraes, de 46 anos, e que morou toda sua vida no bairro conta que há cerca de dois anos a empresa de instalou na rua Gema e tem causado problemas na vizinhança. “Eles alegam que é vapor, mas a fumaça é densa, pesada e afeta mais os moradores de baixo, na minha casa ficamos com as janelas fechadas praticamente o dia todo, mas neste calor não tem quem aguente, eles expelem essa fumaça até de madrugada e a gente já acorda com o nariz ruim e a garganta seca”, relata o morador.
Já na casa de Rafael de Lima Crivelaro, de 29 anos, e que mora há sete na rua Jacuí, o problema é mais grave. Ele relata problemas de saúde com o filho de 5 anos de idade. “Meu filho tem bronquite e minha vida está um caos por causa disso, pois ele vive com crises, ultimamente tem sido mais constante. Em casa a fuligem se acumula sobre os móveis e a empresa diz que é só vapor de água, nossa rua chega a ficar cinza”, conta.
O órgão fiscalizador, a Cetesb, diz que a empresa está em situação regular. “Essa empresa encontra-se instalada no local desde 2003 e desenvolve atividade de reciclagem de plásticos e carpetes de veículos. Após registrar reclamações, em 2017, a CETESB efetivou atendimento comunitário, mas em nenhuma vistoria constatou emissão de odores. No entanto, a empresa foi autuada, em 2017 e 2018, por falta de Licença de Operação. Em abril de 2019, a empresa solicitou e obteve a renovação da licença ambiental para funcionar. Quanto à sua localização, conforme a Certidão de Uso de Solo que autorizou a instalação, a Prefeitura considerou compatível a atividade da empresa com o entorno. Desde fevereiro, a agência ambiental não recebe reclamação contra a empresa. A comunidade pode e deve encaminhar suas queixas diretamente à Agência Ambiental do ABC II, pelo tel. 4123-4555, para que essa possa tomar as ações cabíveis”, informou o órgão em nota.
A Resinpó informa que trabalha com a transformação (moagem, micronização e extrusão) de resinas termoplásticas conhecidas como polietileno, polipropileno e EVA. Em nota, a empresa relata que a fumaça é vapor de água. “Trata-se exclusivamente de vapor da água proveniente do processo de secagem de resina termoplásticas. Não temos operações químicas em nossas instalações, apenas processos físicos, como moagem, secagem e fusão de resinas termoplásticas, portanto não a emissão de substâncias tóxicas”, informa. A indústria informou ainda que adota mecanismos como filtros em suas chaminés para evitar emissão de partículas. “A empresa adota tais mecanismos, ainda em janeiro de 2.019 instalamos mais uma chaminé mais alta e fizemos uma modificação nas instalações para mitigar a emissão de vapor da água”.
A empresa diz que está avaliando mudanças no processo de produção para reduzir as emissões. “Estamos avaliando e cotando a instalação de equipamento para eliminar completamente a emissão do vapor da água, esta em fase de aprovação de orçamentos, visto que a modificação anterior não eliminou 100% da emissão, apenas reduziu significativamente”.
Sobre as autuações feitas pela Cetesb a Resinpó se defende relatando burocracia na fase de licenciamento. “As autuações se deram pelo atraso na renovação da licença em função de uma documentação necessária do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) que não se aplica ao local da instalação e ao tipo de operação. O desentrave desta burocracia gerou a demora na renovação da licença, e portanto a atuação. Resolvido este entrave, todas as licenças foram renovadas sem problemas”, justificou.