
A sociedade está cada vez mais engajada em causas animais e de preservação do meio ambiente. Prova disso é o crescente número de pessoas que tem mudado estilo de vida e forma de alimentação para contribuir com a preservação do futuro do planeta. De acordo com pesquisa feita em 2018 pela GlobalData, 70% de toda a população mundial diminuiu ou abandonou o consumo de carne. Nos Estados Unidos, o número de pessoas que se declaram veganas subiu 600% nos últimos três anos.
Essa nova visão, que chegou com força no Brasil, está ligada a uma mudança de pensamento e comportamento, na qual consumidores estão mais interessados em saber de onde vem a comida, bem como quais são os impactos sobre o meio ambiente e a vida dos animais.
A dieta vegana ainda provoca dúvidas sobre os valores nutricionais dos alimentos ingeridos. Alessandra Luglio, nutricionista e consultora da Mother Nutrients, empresa que produz suplementos alimentares à base de plantas, fala sobre as verdades e os mitos da dieta vegana.
Veganos podem sofrer de deficiência nutricional
Mito. Por meio dos alimentos vegetais, obtêm-se todos os nutrientes necessários para a vida humana. Existe uma exceção, que é o aporte da B12, vitamina sintetizada por bactérias que estão no solo. A vitamina B12 não está dentro, mas na parte externa dos alimentos. “Consumimos alimentos lavados e descascados, comemos de garfo e faca, não temos contato direto com a vitamina B12. Isso acontece porque os animais não fazem a higiene como os humanos e, ao contrário de nós, eles estão em contato com o solo e acumulam a vitamina B12”, explica a nutricionista. No caso da alimentação vegana, a vitamina B12 pode ser suplementada.
A dieta vegana ajuda na performance
Verdade. Alessandra conta que dados comprovam que quem faz uso de dieta à base de vegetais íntegros, cereais, leguminosas, frutas, legumes, verduras, sementes e castanhas, rica em todos os nutrientes, tem melhora da performance no esporte. “Uma dieta vegetariana impede o consumo excessivo de proteínas, consumo este que leva a problemas como a digestão lenta. O excesso de proteína, que é preconizado em dietas convencionais, traz malefícios por conta da acidose que causa”, conta a especialista. A quebra de proteínas gera metabólitos secundários que acidificam o corpo e interferem na performance. Já uma dieta à base de vegetais é rica em antioxidantes e ajuda na geração de energia. “Além disso, estudos mostram que o sangue de quem segue uma dieta vegana é menos viscoso e mais fluido, o que ajuda a levar mais oxigênio e nutrientes”, afirma a profissional. Todos estes fatores somados mostram que uma dieta vegana, com o acompanhamento de um profissional, ajuda na performance.
Uma dieta vegana deixa você mais fraco
Mito. Segundo a nutricionista, quem faz esse tipo de afirmação está baseada em mitos de que a dieta vegana vai trazer algum tipo de carência. “Uma dieta desequilibrada e carente pode levar ao cansaço e à fraqueza, o que não é observado na prática de quem segue uma dieta vegana”, afirma.
Veganos perdem peso com facilidade
Verdade. Alessandra explica que isso acontece pelo fato de que, ao retirar alimentos de origem animal, a pessoa consome menos calorias. O que faz uma pessoa perder peso, seja em uma dieta vegana ou não, é consumir menos calorias do que ela gasta. No caso vegano estrito que pratica esporte, é preciso estar atento e complementar as calorias porque um atleta gasta muitas. “Precisa comer mais arroz, feijão e proteínas vegetais para complementar tudo o que ele gasta”, orienta.
Dieta sem carne não traz bons ganhos de hipertrofia
Mito. Segundo a nutricionista, a relação entre carne e hipertrofia muscular é um mito. “Vale aqui citar uma frase de Patrick Baldwin: ‘Como você vai ser forte como um touro sem comer carne? Você já viu um touro comer carne? Não, pois os touros são vegetarianos’. Então, contanto que você faça a ingestão correta do seu aporte de proteínas com uma dieta vegana, você terá hipertrofia igual a uma pessoa que come carne”, explica.
É uma dieta cara e com poucas opções
Mito. Alessandra aponta que a dieta vegana é uma das formas mais eficazes para melhorar o portfólio alimentar. “Hoje temos comemos com base em alimentos de origem animal, em que as carnes, os queijos e os ovos são os pratos principais. Quando excluímos essa quase uma dúzia de alimentos, deparamos-nos com a possibilidade de comer outros, o que aumenta o seu leque de opções”, compara. Há variedade de leguminosas, como feijão, lentilha, ervilha, grão de bico, soja de vários formatos e de cereais, raízes, frutas, verduras, legumes, sementes que são pouco explorados na alimentação convencional. “Todos estes alimentos são baratos se comparados às proteínas animais. O que acontece é que as pessoas querem buscar substitutos aos alimentos de origem animal na versão vegetal, como o leite vegetal, a carne vegetal e o queijo vegetal. Por questões de demanda pequena e por conterem matérias-primas caras, encarecem os produtos”, explica.