
Na semana do dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, a 2ª Afro Sanca chega com música, atrações gastronômicas e exposição de artesanato e moda. Na segunda edição, a mostra acontece sábado e domingo, dias 23 e 24, na Estação Cultura (rua Serafim Constantino s/n), em São Caetano. O objetivo é promover a cultura africana e afro-brasileira, além de fortalecer o trabalho de artistas, escritores e artesãos negros e negras ou que trabalhem com essas culturas.
A primeira edição da Afro Sanca aconteceu em 2018, organizada pelo Conescs (Conselho Municipal da Comunidade Negra de São Caetano do Sul). Neste ano, a feira vem com 35 expositores e a meta de atrair até dois mil visitantes. Para Andréia Miguel Pinto, organizadora, eventos como esse são de grande importância para que o debate sobre a igualdade racial possa ganhar corpo em várias frentes. “A gente procurou ampliar e trazer outros conhecimentos sobre a cultura afro. Dessa forma, promovemos a igualdade e geramos empoderamento ao mesmo tempo”, afirma.
Além da exposição no fim de semana, a Afro Sanca ampliou o contato com as escolas locais por meio do projeto Afro Escola, baseado na lei 10.639 que prevê o ensino da história e cultura africanas nas instituições brasileiras. Com início no bairro Nova Gerty – bairro com maior população negra de São Caetano -, a ação mobilizou alunos da educação infantil ao ensino médio das escolas estaduais e municipais, que apresentam os projetos finais na feira durante o fim de semana. “A educação é transformadora, quando você conhece todo sofrimento da população africana depois de tantos anos de escravidão, você vê essa realidade com outros olhos”, conta a organizadora.
Entre os expositores que estão na feira desde a idealização do projeto está Valdete Ribeiro Dias, uma das responsáveis pelo projeto em São Caetano. A expositora de moda conta que se sente feliz ao ver os frutos que o projeto já começa a colher, uma vez que visitantes que estiveram na Afro Sanca em 2018 e retornaram neste ano para expor. “A ideia é justamente essa mesmo, essa troca de conhecimento, dar a oportunidade para pessoas mostrarem seu trabalho, terem ideias novas e começarem a produzir”, conta.
Apesar do otimismo com o crescimento e com a valorização da feira, Valdete reforça que o preconceito ainda existe e que a celebração do Dia da Consciência Negra é mais um motivo de luta do que de simples comemoração. “Tem gente que diz que não, mas ainda há preconceito sim e temos de lutar contra. É a capacidade de cada um que deve ser olhada, não a cor da pele”, declara.
A Afro Sanca conta com lançamento de livros, oficina de turbantes, tranças e miçangas, rodas de conversa sobre o lugar da mulher negra e sobre as diferenças entre racismo e injúria racial, além de shows, praça de alimentação e itens à venda.
No sábado (23), as atrações acontecem das 10h às 19h, com destaque para o show de Fanta Konetê e Djembenon, com música e dança ancestrais da Guiné, às 17h. No domingo (24), a programação é das 10h às 17h, com encerramento em show do grupo Glória ao Samba. A entrada nos shows e na feira é gratuita e a programação completa está disponível nas redes sociais do Conescs.
Show Memória de Zumbi
Outra ação com a temática vinculada à cultura africana e afro-brasileira é o show Memória de Zumbi, que acontece gratuitamente no sábado (23), a partir das 10h, na concha acústica, que fica na praça do Carmo, no centro de Santo André.
Entre as atrações estão dança cigana, teatro, rap, ballet, pagode e show de carnaval com a escola de samba Palmares, presidida por Adilson Gonzaga Martins Alves, que afirma a importância do samba como símbolo de resistência do povo negro. “O samba sempre foi resistência e alvo de perseguição. Hoje em dia não é muito diferente, então a gente está aqui para resistir”, declara.