
Por Édison Carlos
Nesta semana, o Novo Marco Legal do Saneamento entra em votação na Câmara Federal. Independente das polêmicas, que o Parlamento pode opinar e reduzir, é fundamental a aprovação para mudarmos o modelo e o Brasil sair do marasmo que se encontra. Em muitos lugares do País, brasileiros, crianças em sua maioria, nascem e morrem por doenças de esgotos, que nunca foram coletados e tratados. Mais de 100 milhões de pessoas não têm saneamento básico.
Água tratada ainda não chega a 35 milhões de brasileiros, a população do Canadá. Temos de investir mais de R$ 25 bilhões por ano e continuamos em R$ 11 bi, então como pensar na universalização antes de 2050, impossível. A quem sofre pelo problema pouco interessa se a empresa que presta o serviço é pública ou privada. Esta é uma falsa polêmica que nos priva de avançar. Precisamos dos públicos e dos privados trabalhando juntos, pois nenhum sozinho consegue enfrentar um desafio tão grande. Juntos teremos mais recursos, eficiência, transparência e cumprimento de metas.
Precisamos de boa regulação dos serviços, pois isso é o que garantirá tarifas justas e serviços adequados à população, independente da empresa. Temos ótimas empresas públicas, cidades muito bem operadas por elas, então não é verdade que por ser pública é ruim, assim como temos os privados prestando excelentes serviços. Temos também serviços não tão bons dos dois lados, então cabe o mesmo rigor com ambos e não proteger serviços ruins porque do outro lado existem pessoas sofrendo, adoecendo e morrendo.
Chega de lobbies atrasando o saneamento, chega de manutenção de privilégios, precisamos levar o Brasil para o século 21. Precisamos sair do século 19, alcançar os romanos, que já faziam saneamento antes de Cristo. Vai aqui o meu apelo pessoal para que todos lutem por esta infraestrutura tão necessária, mas tão esquecida. Que o Parlamento vote, aprove a melhor redação possível e que possamos ter um país realmente desenvolvido, onde desenvolvimento sustentável não seja só retórica, mas um caminho natural para o progresso das pessoas, da natureza e do Brasil.
Édison Carlos é presidente executivo do Instituto Trata Brasil