
Dor ao sentar ou levantar e dificuldade de locomoção são sintomas comuns às pessoas que sofrem com artrose, que atinge cerca de 15 milhões de brasileiros, segundo o Ministério da Saúde. Entre os problemas que afetam a qualidade de vida causados pela doença, o desgaste no quadril está entre os mais frequentes.
Marco Aurélio Neves, ortopedista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, comenta que esta é uma das principais queixas dos pacientes, devido à dor e ao impacto na realização de atividades diárias.
O que é artrose
A artrose causa degeneração das cartilagens e é mais comum em pessoas com idade acima de 45 anos. “Embora possa acontecer com os jovens, a doença tende a aparecer e aumentar com o avanço da idade e acomete as articulações em geral, é mais evidente no quadril por ser uma base de sustentação do corpo e dos movimentos das pernas”, revela o especialista.
Neves explica que os principais movimentos feitos com as pernas e com a coluna se restringem aos poucos quando há desgaste na cartilagem do quadril. Os ossos do fêmur e da bacia começam a raspar. “Muitos pacientes contam que sentem esse atrito e um estalo a cada passo”, comenta.
Sintomas
O especialista recomenda procurar um ortopedista diante de sinais como estes:
- Dor no quadril, que piora ao andar ou ao passar muito tempo sentado;
- Mancar ao andar;
- Formigamento ou dormência nas pernas;
- Dor que percorre a perna na parte interna, do quadril até o joelho;
- Queimação na batata da perna;
- Mais dificuldade de movimentar a perna ao acordar;
- Sensação de ter osso raspando ao se movimentar;
- Dificuldade de calçar os sapatos ou levantar uma cadeira, por exemplo.
Quanto mais a doença se agrava, mais restritos se tornam os movimentos. É aí que começam as dores e limitações. Neves conta que o paciente passa a ter dificuldade para andar, ficar de pé por muito tempo e realizar atividades como calçar os sapatos ou dirigir.
Nesses casos, o procedimento mais indicado é a ATQ (Artroplastia Total do Quadril), cirurgia de colocação de prótese. “Como não é uma cirurgia de urgência, nós avaliamos e indicamos para o paciente que tem desgaste avançado ou cuja dor cause um impacto grande na sua vida”, explica o médico.
Como funciona a ATQ
A cirurgia consiste na substituição da articulação afetada por uma prótese. Realizada no Brasil desde a década de 1960, a técnica passou por atualizações importantes. “Em vez de manipular os nervos e músculos, o médico apenas afasta o intervalo entre dois músculos na frente do quadril, para chegar ao quadril e colocar a prótese”, compara o médico.
Isso é possível porque a incisão é feita na parte da frente do quadril, e não ao lado ou atrás, como era realizando antes. Além disso, a técnica é feita com a ajuda de uma mesa cirúrgica desenvolvida para o procedimento. Dessa forma, a operação tende a ser menos agressiva, com recuperação mais rápida e menos dolorosa e com redução dos riscos de complicações inerentes à cirurgia. “Pouco tempo após fazer a colocação da prótese, o paciente já consegue ficar de pé”, frisa.
Além de reduzir o tempo de internação, que passa a ser de somente um dia, o número de medicamentos administrados diminui. Neves ainda ressalta que o processo de reabilitação é menor e faz com que o paciente retorne às atividades normais rapidamente.
Protocolo ERAS
Outra mudança inserida no atendimento do Hospital São Camilo, que impacta no procedimento e resultado da ATQ, é o protocolo ERAS (Enhanced Recovery After Surgery, que pode ser traduzido para Otimização da Recuperação Pós-Operatória).
Trata-se de conjunto de práticas aplicadas ao pós-operatório, que integra as equipes médicas às multidisciplinares, como fisioterapia, nutrição e enfermagem. O objetivo é alinhar processos para reduzir complicações no pós-operatório e, consequentemente, diminuir o tempo de internação.
Pós-operatório
O ortopedista da Rede de Hospitais São Camilo explica que o paciente inicia a fisioterapia no dia seguinte à cirurgia do quadril. Durante o processo, serão trabalhadas a força e a amplitude dos movimentos. “Nessa etapa, o paciente, que já conseguiu ficar de pé, passa a perceber os ganhos obtidos com a prótese. Diminuição da dor até cessar completamente e uma melhora na qualidade de vida”, afirma.