
Estudo realizado pelos graduandos do curso de Nutrição da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) mostra que é mais seguro consumir uma batata frita comercializada por vendedores ambulantes do que comprar em estabelecimentos comerciais. Análise microbiológica realizada em 60 amostras colhidas em diferentes endereços da região, apresentou contaminação em 22, ou 36,6%. Entre as amostras contaminadas 86,3% vieram de estabelecimentos comerciais.
A surpresa pelos estabelecimentos comerciais serem local da coleta da maior parte das amostras contaminadas chamou atenção das pesquisadoras. “Diferente do resultado que esperávamos 86,3% desse total de contaminações eram pertencentes a estabelecimentos comerciais. A gente tende a pensar que o comércio ambulante tem uma qualidade inferior higienicamente pensando, mas o estudo mostrou exatamente o contrário. São duas bactérias extremamente patogênicas que são problemas de saúde pública, principalmente para soropositivos, crianças e idosos. Os sintomas como diarreia, febre e vômito, se não tratados podem levar ao óbito”, destacou Caroline Rosa Koerner, graduanda em nutrição que assinou o estudo juntamente como Débora Francine Fonseca e José Carlos dos Santos.
As análises microbiológicas foram feitas no laboratório da USCS. Foram seguidos protocolos para evitar a contaminação do produto pelos próprios pesquisadores. De acordo com o estudo foram encontradas as bactérias Escherichia Coli, que pode gerar diarreia, intolerâncias alimentares, febre, com efeitos maiores em crianças de até cinco anos de idade e em adultos com algum tipo de deficiência. Também foi encontrada em uma amostra a Salmonella que é mais patogênica e pode causar febre tifoide e gastroenterite, com manifestações clínicas como febre, dor de cabeça e abdominal, diarreia ou constipação, calafrios, tontura, tosse, fraqueza e dores musculares.

De acordo Caroline é muito pouco possível que a contaminação venha do próprio alimento antes do seu preparo. “A Salmonella vem de carnes, e a E-coli é própria do intestino humano, portanto são de difícil encontro na natureza, mas tinha (nas amostras), o que indica uma contaminação cruzada”, analisa. A contaminação cruzada é quando ela vem de outro alimento, ou seja, quando quem o manipulou tocou também outro tipo de produto.
A batata frita foi escolhida porque é um produto acessível tanto em preço quanto em disponibilidade, já que em todo lugar há lugares que a comercializam. “Analisamos amostras de batata frita porque é fato o aumento do consumo de alimentos fora de casa e também há um aumento grande das DTAs (Doenças Transmitidas por Alimentos), segundo a Organização Mundial de Saúde uma em cada 10 pessoas, adoece com DTA, sendo que crianças menores de 5 anos tem maior risco, e pode ser fatal. No Brasil há pouca notificação, porque muitos que tem sintomas se medicam em casa”, aponta Débora.
Esse estudo traz bastante subsídio para o governo e as prefeituras investirem em segurança alimentar. “Temos um número muito alto de ambulantes e não tem nada que regulamente isso, de forma eficaz e fica tudo jogado, eles simplesmente produzem alimentos e ofertam. O mais grave ainda é o estabelecimento comercial, isso mostra que há uma falta de treinamento e de reciclagem dos funcionários”, aponta Débora. O nome dos estabelecimentos comerciais não foi divulgado. O estudo foi apresentado nesta terça-feira (17/12) durante a 10ª Carta de Conjuntura da USCS.