
Apesar das investigações seguirem aguardando mais depoimentos e provas periciais, os delegados que conduzem o inquérito que apura as mortes de Homuyuki, Flaviana Gonçalves e do filho do casal Juan, consideram o caso “fechado”, que na linguagem policial significaria a motivação e a autoria conhecidas. Para a polícia são seis pessoas envolvidas nas mortes, cinco delas já estão presas temporariamente. Baseada nas declarações dos suspeitos, a investigação aponta para Carina Ramos – companheira da filha mais velha do casal, Ana Flávia Gonçalves – como sendo a mentora do crime. As duas foram presas um dia após os três corpos serem encontrados carbonizados no porta-malas do carro da família.
Na segunda-feira (03/02) foi preso o terceiro acusado, Juliano Oliveira Ramos Júnior, que em depoimento deu detalhes do dia do crime e afirmou que Carina Ramos deu ordem para executar a família. Os delegados Ronaldo Tossunian, Ronald Quene Justiniano Marques e Paul Henry Bozon Verduraz reproduziram parte do depoimento e como o relato do investigado ajudou na prisão de mais dois suspeitos, identificados apenas como Michael Robert dos Santos e Guilherme Ramos da Silva. “Ele indicou dois outros nomes e um foi confirmado por denúncia anônima. Com esses nomes conseguimos as prisões temporárias. Juliano acabou confessando a participação no crime e apontou Carina como a mentora intelectual da empreitada de subtrair R$ 85 mil que supunha existir na casa, fruto de uma herança. O dinheiro não foi encontrado e ela resolveu dar ordens para Juliano, Michael e Guilherme para matar as vítimas e em contrapartida receberiam parte da herança”, revelou Tossunian.
Guilherme foi preso em casa, onde foram encontrados o televisor e o videogame levados da casa da família. Segundo Tossunian, também foi encontrada na casa uma arma de fogo razão pela qual ele foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma, além da prisão temporária decretada na investigação do triplo homicídio.
Verduraz explicou que Michael foi preso na cidade de Avanhandava, distante 500 quilômetros de São Bernardo. Tanto Michel como Guilherme não tiveram chance de esboçar reação. “Foi um lindo trabalho da investigação, todos foram presos em casa; eles foram surpreendidos”, explicou. O delegado disse ainda que a polícia está trabalhando 24 horas por dia para elucidar o crime. “Estamos trabalhando sem parar, em turnos”, disse.
Para os policiais falta apenas identificar e prender uma sexta pessoa envolvida no caso. “Em tese essa sexta pessoa teve a função de ir buscar as pessoas no local do incêndio com o carro dele. O resto está tudo fechado no nosso modo de interpretar”, disse Verduraz. Tossunian seguiu a mesma linha. “Estamos a uma semana do crime que na nossa visão, praticamente esclarecido; não temos achismo, lidamos com provas, mas tem ainda trabalho de quebra de sigilo telefônico e laudos que ainda não estão prontos. Uma semana de um crime bárbaro de pessoas que são articuladas”.
Crime foi planejado com antecedência

Para a Polícia Civil, o crime que terminou com as mortes de Homuyki, Flaviana e Juan Gonçalves, foi bem planejado. O delegado Paul Verduraz, disse que os depoimentos colhidos até agora apontam que houve pelo menos uma reunião em que os detalhes do crime teriam sido combinados entre os investigados como, por exemplo, o local onde o carro seria abandonado e queimado.
“Elas (Carina e Ana Flávia) combinaram juntas, sendo que Carina chamou o Juliano (que é seu primo). Os depoimentos de Juliano e Guilherme são muito parecidos eles disseram que simularam que tinham rendido Carina para entrar na casa, mas os três chegaram no condomínio no carro delas (um Fiat Pálio prata). Separam pai e filho cada um num quarto da casa e começam a buscar pelo cofre, o pai não tem o segredo e os assaltantes, começam a ficar nervosos, esse nervosismo vai aumentando, começam a ficar violentos, até que essa violência se transforma em agressão, trancam o pai no quarto e o sufocam. Carina é questionada pelos homens e decide pela execução”, disse Verduraz baseado nos depoimentos.
De acordo com as informações prestadas pela polícia, quando Flaviana chega e também é rendida ela abre o cofre e os bandidos não encontram nada. “Já tinham planejado queimar carro e provas. Um detalhe aterrorizante, é que a Carina veste o uniforme da Flaviana para sair dirigindo o carro, para não ser notada. Flaviana vai no banco de trás vendada. A gente acredita que Flaviana foi morta no local onde o carro foi encontrado em chamas”, explicou Ronaldo Tossunian.
O delegado Ronald Quene Justiniano Marques, que nesta investigação ficou responsável por ouvir os acusados, informou que Juliano tem passagem pela polícia, pelo artigo 157 (roubo), Guilherme não tem passagens pela polícia.