
Com a quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus, a Covid-19, o movimento nos boxes da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) caiu 40% aproximadamente. Isso aconteceu por conta das feiras livres que pararam por duas semanas no início deste mês. Nos espaços da Ceasa do ABC são comercializados boa parte dos alimentos que vão para as feiras livres da região. Outro fator que reduziu o movimento foi o fechamento dos restaurantes que não se adaptaram a trabalhar somente com entregas.
Com a procura menor os produtos mais perecíveis acabaram estragando. “Tivemos casos, no mercado de flores, por exemplo de um carregamento inteiro de flores jogado no lixo. Tivemos vários outros boxes fechados. As feiras orgânicas foram suspensas porque uma acontecia em shopping e outra no paço”, conta o engenheiro agrônomo da Craisa, Fábio Vezzá Benedetto. Segundo ele apesar da corrida às compras na segunda quinzena de março, não houve desabastecimento. “Estamos até em um bom momento, com sol e pouca chuva isso facilita a produção e o transporte das frutas, legumes e verduras. Como a procura é menor os preços estão bons. Apesar da dificuldade para sair às feiras, esse seria um bom momento para comprar, e os produtores estão precisando vender “, analisa.
De acordo com o engenheiro agrônomo, os preços nos supermercados subiram mais por conta da alta do consumo na segunda quinzena. A Craisa não fechou o mês de abril, com a sua pesquisa semanal. Isso porque, com a quarentena, não foi possível percorrer os supermercados. Mas na terceira semana de abril (que incluiu a primeira da quarentena) já foi possível notar uma alta nos preços. A cesta básica que em março do ano passado ficava por R$ 634,32, passou para R$ 686,91, uma alta de R$ 52,59 ou 8,29%.
A pesquisa também mostrou que a carne, que já havia sido a vilã da cesta básica no início do ano também continuava em alta. A carne de primeira teve a maior variação: em março de 2019 custava R$ 24,46% em média, e passou a R$ 30,50, uma alta de R$ 6,04 ou 24,69%. Para Benedetto, não fosse a pandemia, os preços caminhavam para um período de estabilidade. “Os preços até estavam bons, mas o pico de consumo na segunda quinzena de março fez elevar demais. O arroz, por exemplo, que custava R$ 12 o pacote já está quase a R$ 17. Isso é efeito dos produtos estocáveis, como o arroz, o feijão e as carnes, que o pessoal saiu comprando enlouquecidamente, o que é compreensível porque as pessoas estavam com preocupação de ficar sem os produtos mais básicos para a quarentena”, comenta.
A análise de Benedetto vai de encontro aos dados da Apas (Associação Paulista de Supermercados) que chegou a registrar alta de 48,5% de alta nas vendas entre os dia 18 e 19 de março. Esse índice caiu para 18% na Grande São Paulo, na comparação com o dia 3 de março, segundo levantamento da entidade.