
Com as imobiliárias e plantões de vendas fechados desde o início das medidas de restrição de funcionamento das empresas, em março, o setor imobiliário se encontra praticamente parado, e o movimento nas empresas do ramo se restringe a trabalhos administrativos e manutenção de contratos de aluguel. Porém as vendas no ambiente virtual têm sido a saída para as grandes e pequenas empresas do segmento.
“As empresas estão trabalhando em home-office ou algum atendimento com portas fechadas sem público. Se necessário o presencial, apenas com hora marcada, sem aglomeração e tomando todos os cuidados. Mas o que temos notado é que, mesmo se estivessem abertas as imobiliárias não teriam clientes porque ninguém está comprando”, analisa Rubens Robervaldo Martins dos Santos, advogado, corretor e diretor para o ABC do Creci (Conselho Regional de Corretores de Imóveis).
No mercado de imóveis há cerca de 40 anos, Santos considera essa a crise mais importante já vivida pelo setor nesse período. Ele também considera que será muito difícil a recuperação do setor que vinha amargando ao menos três anos de uma crise forte e que, no início do ano ensaiava uma retomada com novos lançamentos. “Vejo muita dificuldade em retomar o volume de negócios de antes da pandemia, acredito que só em meados de setembro se tudo correr bem. Agora a recuperação do que foi perdido, acho que esse ano não vai dar. As pessoas, mesmo aquelas que já tinham fechado negócio estão desistindo. Eu tenho uma cliente que estava com tudo certo, documentação aprovada pelo banco, mas desistiu da compra porque teve o salário cortado na metade, então como é que vai pagar o financiamento?”, conta o corretor.
O presidente da Acigabc (Associação das Construtoras e Imobiliárias do Grande ABC) e diretor da Construtora MBigucci, Milton Bigucci Júnior, avalia que a comercialização de imóveis na região chegou à estaca zero no início das medidas de isolamento social na segunda quinzena de março, mas agora o movimento começou a retornar ao setor, mas ainda é uma fração do considerado normal. “Primeiro foi o medo, não da questão financeira, mas da doença, isso estancou as vendas, agora as pessoas estão começando a voltar a consumir, mas ainda é muito pequeno esse movimento, cerca de 10% ou 15% do que era antes da pandemia. Medidas de retomada da atividade como as anunciadas por Diadema e Santo André, dão uma tranquilizada”, analisa.
Para Bigucci Júnior, o setor de locação está mais movimentado porque os inquilinos, sejam comerciais ou residenciais, estão buscando os proprietários para discutirem valores. “E estão saindo boas negociações, tanto para o locatário como para o locador”, comenta.
Otimismo
Um efeito da crise provocada pela Covid-19 deve ser benéfico para o setor imobiliário, a migração das vendas do estande para o ambiente virtual. “Foi uma adaptação muito rápida. O setor, tanto nas vendas como no marketing, já estava se adaptando ao virtual, mas não na velocidade como isso veio. Na MBigucci, por exemplo tínhamos uma equipe de vendas on-line e tivemos que dobrar do dia para a noite, porque os plantões fecharam e, mesmo que estivessem abertos, não tinha para quem vender, não tinha ninguém nas ruas. A mesma coisa o marketing, não adianta fazer informativo ou outdoor se ninguém vai ver. Por outro lado aumentou muito a circulação na internet. As construtoras já dispunham de tour virtual do apartamento decorado, mas as imobiliárias tiveram que se adaptar, com as fotos dos imóveis. Ou seja, aqueles que não tinham aprendido ainda, tiveram que aprender rápido e eu avalio que se saíram muito bem”, conclui.