
Após o início do isolamento social pela pandemia do novo coronavírus, fazer compras pela internet se tornou alternativa para o consumidor. No entanto, alguns bairros de Santo André enfrentam dificuldades para receber mercadorias enviadas pelos Correios, já que são considerados áreas de risco. Embora a entrega não seja realizada, o valor referente ao frete continua acrescentado à compra, fato que tem gerado reclamações.
A técnica em nutrição, Adriana Sousa, 38, é moradora do Jardim Vila Rica, em Santo André. Conta que mesmo com pagamento do frete, não recebe encomendas dos Correios em casa. A munícipe explica que a família já costumava fazer compras online, com a pandemia a prática aumentou. “Não adianta muita coisa, já que preciso sair, me dirigir até a agência para buscar o produto”, reclama.
Adriana relata que se sente lesada, financeiramente, ao precisar pagar o valor integral de entrega, mesmo sem receber a encomenda em sua residência e sugere alternativas para cobrança do frete. Diz que deveria ser calculado para a agência ou o consumidor ter algum tipo de desconto. “Para me deslocar até o local de retirada, eu tenho custo de gasolina ou do transporte público”, explica.
Roberto Júnior, 37, reside na vila Linda, em Santo André, e já enfrentou o mesmo problema, que mudou durante a pandemia. O munícipe, que é ex-gerente de loja, relata que não entende a cobrança. “A parte mais complicada do entendimento é saber se a taxa é cobrada conforme a retirada nos CDCs (centro de distribuição dos Correios), descontados a distância não percorrida e o serviço de entrega na residência”, comenta.
O deslocamento também é um desconforto, de acordo com Roberto Júnior, que reclama sobre a complicação de fazer a retirada de encomendas para familiares que, muitas vezes, não podem se dirigir a unidade dos Correios. “Minha mãe e a companheira não são habilitadas, então, quando preciso pegar algo para elas, tenho de levar o documento e declaração ou levá-las até o local”, afirma. Além disso, o prazo curto de retirada também atrapalha, que de acordo com Roberto Júnior, geralmente são cinco dias, mas a mercadoria chega a apenas dois dias do final do prazo.
Vivian Oliveira, 20, conta que, para receber produtos comprados pela internet, precisa usar o endereço do trabalho, já que a vila João Ramalho, onde reside, é considerada como área restrita pelos Correios, portanto, mesmo com o pagamento do frete, a região não recebe entregas. “Se eu pedir para o meu endereço, além do valor do frete, preciso pagar condução até a agência, que fica pelo menos 20 minutos da minha casa. É um descaso”, diz.
Resposta da empresa
Em nota, os Correios informam que as Áreas com Restrição de Entrega são estabelecidas tendo como referência o mapa de risco fornecido pelos órgãos de segurança pública e pelo número de ocorrências contra os Correios. Essa condição é temporária e aplicada somente para a entrega de encomendas, a fim de garantir a segurança dos trabalhadores, dos clientes e a integridade dos objetos postais, e quando os logradouros não atendem à Portaria 4.474 de 31/08/2018, que define metas de universalização do serviço postal.
Ainda, segundo a nota, os Correios adotam procedimentos que garantem a entrega de encomendas nessas regiões. Dependendo do histórico de delitos cometidos contra a empresa e o nível de criminalidade na região, a entrega pode ser feita com prazo dilatado, com escolta armada, ou por entrega interna, ou seja, o objeto deve ser retirado na unidade dos Correios. Ressaltamos que as correspondências simples e registrados em envelopes continuam sendo entregues em todos os logradouros. A empresa avalia periodicamente os níveis de risco de cada localidade, o que pode resultar na exclusão ou inclusão de determinadas faixas de CEP como Área de Restrição para Entrega.