
Apesar da liberação para templos religiosos funcionarem, desde que obedeçam regras de distanciamento e também quando a higienização dos espaços, parte das igrejas e templos prefere manter os fiéis em casa. Nesta segunda-feira (11/05) a prefeitura de Santo André divulgou um comunicado com as regras a serem seguidas para permitir o funcionamento.
A igreja católica vai continuar com as missas suspensas. Desde o dia 20 de março as 106 paróquias e 257 capelas da região não estão recebendo público. As celebrações continuam, mas são transmitidas pelas redes sociais. “Neste período de quarentena a orientação ao clero da Diocese de Santo André é para que as missas e demais atividades permaneçam sem a presença de público, com transmissão pela internet e comunhão espiritual. Os fiéis também são orientados a ficarem em casa e não se deslocarem para as igrejas com o intuito de assistir as celebrações, ou seja, cumprindo o isolamento social e acompanhando pelas redes sociais, emissoras de rádio e televisão. A Diocese também manifesta pesar pelas vítimas da Covid-19 e se solidariza com as famílias”, informou a Diocese de Santo André em nota. Os presbíteros do ABC se reúnem virtualmente nesta terça-feira (12/05) para deliberar sobre como proceder nos próximos dias.
O pastor Toni Meireles da Igreja Batista Lagoinha, de Santo André também considera que a presença de público nas igrejas não é prudente ainda. “Estamos obedecendo as regras de não ter aglomeração nas igrejas, os cultos são todos on-line e apenas o serviço social, aquele que atende as famílias carentes com fornecimento de cestas básicas, é que está atendendo presencialmente. Nossa igreja sempre atuou muito nas redes sociais e não tivemos grande dificuldade em nos adaptar”, explica o líder religioso. “Não vamos por em risco a vida”, completou.
Eduardo Furtado, da Igreja da Graça, considera importante as igrejas estarem abertas para consolar os familiares das vítimas da Covid-19, mas ele avalia que os cultos representam um risco grande de contaminação. “Esse consolo da palavra de Deus é muito importante para quem perdeu um ente querido ou que tem familiar internado. Não dá para fechar 100% a igreja porque ela é um braço espiritual importante, que deve estar aberta, mas dentro de uma restrição, respeitando os limites, com oferecendo álcool em gel, máscara e respeitando o distanciamento social”.
Mas nem toda a comunidade evangélica comunga da mesma opinião. A Igreja Universal do Reino de Deus, com presença bastante forte no ABC, defende a realização dos cultos, mas com o distanciamento social e respeitando todas as regras dos órgãos de saúde e decretos municipais e estaduais. Em nota a assessoria de imprensa informa que é necessário o uso de máscara de proteção no interior dos templos da Universal. A igreja também adotou cuidados como: controle de entrada de público e se necessário, amplia-se a quantidade de reuniões para atender a todos que procuram a Igreja; todo visitante recebe álcool em gel ou água e sabão para higienizar corretamente as mãos; a Universal segue recomendando que pessoas com mais de 60 anos de idade permaneçam em casa; onde os cultos estão autorizados, os presentes são orientados a permanecer distantes uns dos outros, mantendo no mínimo uma ou duas cadeiras vazias entre si; continuam sendo evitadas as orações com imposição de mãos, ou mesmo qualquer contato físico e aproximação pessoal durante as reuniões.

Para o presidente da Fucabrad (Federação de Umbanda e Cultos Afro Brasileiros de Diadema), Cássio Lopes Ribeiro, a recomendação para todos os templos é que permaneçam fechados ao público. “Somos contra a reabertura, porque a gente entende que o contato, entre os participantes dos terreiros e entre a assistência, para quem vai receber um passe ou uma orientação, é inevitável. A Umbanda é uma religião de contato, um dos gestos mais lindos é a troca de bençãos onde os mais novos beijam as mãos dos mais velhos em sinal de respeito e os mais velhos, de volta também em respeito ao mais novo que um dia vai ascender na religião. Nesse primeiro princípio já tem contato, aí vem a questão da incorporação; as bebidas que são usadas para descarregar passam no Coité para várias pessoas, esse é mais um foco de contaminação. A entidade quando incorpora ela abraça, fala com as pessoas, nesse falar pode expelir gotículas, mais contaminação. Então a gente não vê com bons olhos, pois não dá para manter uma distância mínima, fazer entidade ou frequentadores usarem máscara, no decorrer do ritual”, explica.
Ribeiro considera que a pandemia está no seu pior momento, por isso acha que não é o momento de permitir o funcionamento dos templos. “A possibilidade de contágio é grande, tanto é que estamos orientando nossos terreiros a não abrir, não tocarem suas casas. Os filhos (de Santo) ligam buscando algum consolo, mas não dá para tocar o ritual como conhecemos há centenas de anos. Tem rituais feitos no corpo das pessoas, faz descarrego, passando ervas no corpo, é contato. A gente tem medo de abrir os terreiros e ser um foco de transmissão da doença. Orixá é vida, é amor, é força viva da natureza e tudo que a gente não deve fazer para deixar o Orixá ofendido é contribuir para a morte, o que está em jogo é a vida e algo sagrado, o maior axé que o homem pode ter”, destaca Ribeiro. O presidente da Fucabrad também acha difícil um transmissão pela internet, mas alguns Pais de Santo fazem lives em seus terreiros. “Como temos muitos cânticos, muitos fazem lives cantando para que as pessoas se sintam mais próximas da espiritualidade”, finaliza.
Instrução Normativa Atividades Religiosas 10.05.20: