
A pandemia causada pelo novo coronavírus atrelada ao isolamento social colocaram em evidência os acidentes causados por queimaduras, em que um dos públicos mais afetados é o infantil. Sem atividades presenciais nas escolas, as crianças passam mais tempo em casa, onde há maior quantidade de álcool para prevenção da doença. Essa junção de fatores, somada ao armazenamento inadequado, falta de supervisão e desconhecimento das medidas preventivas, aumentou os acidentes domésticos.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), desde o início da pandemia os centros de tratamento de queimados do Brasil atualizam uma lista, gerenciada pela própria SBQ, com a quantidade de internados por acidentes com queimaduras causados pelo uso de álcool 70%. Até 30 de junho foram contabilizados 387 casos graves no país, ascendendo o alerta para se manter, com ainda mais força, as campanhas de prevenção para os riscos de acidentes com fogo, álcool e demais agentes de queimaduras.
“Desde 2002, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a venda do álcool 70% líquido para o público em geral, uma vez que o álcool nesta forma é altamente inflamável e se espalha com maior facilidade em qualquer superfície, estando diretamente envolvido com numerosos casos de queimadura, principalmente nas crianças. No entanto, com o início da pandemia de Covid-19, a própria Anvisa, em março deste ano, revogou a medida e liberou temporariamente a comercialização do produto”, informa o professor da disciplina de Cirurgia Plástica do Centro Universitário Saúde ABC / Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), Dr. Sidney Zanasi.
De acordo com o especialista, essa mudança de política, somada aos novos hábitos da população durante a pandemia, tem ocasionado aumento de casos de queimados nos hospitais pelo uso do álcool. “As pessoas têm aplicado o álcool sem orientação adequada. Usam em casa, para higienizar objetos, passam no corpo todo e se aproximam de chamas na cozinha, por exemplo. Em outras situações, usam o álcool gel para higiene das mãos e, em seguida, acendem um cigarro”, exemplifica Dr. Sidney Zanasi.