
Uma megaoperação policial conjunta da Polícia Civil de São Paulo, da Polícia Federal e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) do Ministério Público paulista foi deflagrada logo nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (29/09) cumprindo diversos mandados de prisão e de busca e apreensão em endereços na região metropolitana, no interior do estado e também no Pará, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. A operação denominada “Raio-X” investiga desvio de dinheiro público destinado à saúde. Um dos mandados foi cumprido na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Santa Luzia, em Ribeirão Pires, onde os agentes procuraram pistas sobre a atuação de Osvaldo Coca Moralis, que atuou naquela unidade através da Santa Casa de Birigui.
A ação foi coordenada por agentes da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Araçatuba, com apoio do Deic de Bauru e do Gaeco. Os trabalhos de investigação foram iniciados há cerca de dois anos por meio de inquérito policial que apontou a necessidade da investigação criminal. Foi constatado um esquema de desvio público por meio de organizações sociais prestadoras de serviço na área da saúde, em que eram realizadas licitações fraudulentas para movimentação financeira do esquema.
“Uma vez vencida a licitação o próximo passo era a celebração de um contrato de gestão entre a organização social e o município, a partir de então existia a contratação de prestadores de serviços para que o dinheiro saísse da organização, fosse disseminado ao prestador e em seguida retornasse aos cofres públicos. No momento seguinte entrava o esquema de lavagem de dinheiro”, explica o Dr. Fabio Neri Pistori, delegado titular do DEIC de Araçatuba.
Com empenho de 816 policiais civis, foram cumpridos 237 mandados de busca e apreensão e 64 de prisões temporárias nas determinadas regiões. A ação resultou na detenção de 51 pessoas – sendo quatro em flagrante, além de 20 veículos, R$ 1,2 milhão, diversos celulares, oito armas de fogo, munições, computadores e documentos.
“Nosso objetivo não é apenas de prender eventuais suspeitos ou envolvidos, mas também buscar o ressarcimento dos cofres públicos, principalmente da saúde, e se eventualmente desvios ocorreram nossa finalidade visa recuperar esse patrimônio público. A Investigação vai continuar”, conclui o delegado.
Em nota a prefeitura de Ribeirão Pires informou que colabora com as investigações e sustentou que Moralis nunca teve vínculo direto com a administração. “A Polícia Civil de São Paulo e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado (Gaeco) cumpriu na manhã desta terça-feira (29/09) mandado de busca e apreensão contra Osvaldo Coca Moralis – que atuou pela Santa Casa de Birigui no município, entre janeiro de 2019 e janeiro de 2020. Osvaldo Moralis nunca teve vínculos com a Prefeitura de Ribeirão Pires. O mandado foi cumprido na UPA Santa Luzia, unidade municipal gerida, por meio de contrato, pela Organização Social de Saúde, onde Osvaldo atuou. A Prefeitura de Ribeirão Pires segue à disposição para colaborar, com todas as informações necessárias, na investigação realizada em âmbito estadual e nacional. Embora o objeto da busca e apreensão seja relacionado a Osvaldo Moralis, a prefeitura determinou auditoria nos contratos com Organizações Sociais”.
O governador João Doria (PSDB) também determinou análise dos contratos com ONGs. A operação Raio X esteve na sede da Secretaria de Saúde do estado também. “Determinei ao secretário Jean Gorincheteyn um pente fino para apurar contratos com Organizações Sociais. Não vamos tolerar que o estado seja vítima de inescrupulosos”, publicou o tucano em sua rede social.