ABC - quinta-feira , 24 de abril de 2025

Vizinhos do Polo Petroquímico reclamam de ‘pó preto’ e Cetesb avalia sanções

Limpezas constantes não dão conta da poluição excessiva (Foto: arquivo pessoal)

As famílias vizinhas do Polo Petroquímico do Capuava, em Santo André, reclamam de poluição decorrente de um “pó preto” que invade as residências há anos. De acordo com os moradores, a poluição aumentou nos últimos meses, o que fez trouxe mais problemas de saúde, além de muita sujeira nas casas.

A dona de casa Maria Silva, moradora da rua Vicente Celestino, no Jardim Sonia Maria, conta que percebeu o “pó preto” há pelo menos seis meses, ao passar pano em sua residência. “Depois disso comecei a reparar ao passar a mão nos móveis e quando vi, até o cachorro que é branco já estava ficando preto, com a sujeira e poluição que invade a nossa casa. E os pés e pernas dos meus netos cada dia mais sujos”, reclama.

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Outra moradora do bairro, Maricleide Lameira, conta que, por conta da situação, tem lavado o quintal de casa diversas vezes na semana, mas ainda assim a limpeza não tem dado conta. “É um pó terrível e um problema que ninguém resolve. Agora, se o quintal que limpamos quase que diariamente, fica imundo desse jeito, imagina só o que estamos respirando, o mal que faz para a nossa saúde”, reclama indignada.

O Comitê de Fomento Industrial do Polo do Grande ABC (Cofip ABC) informa que no dia 14 de outubro foi comunicado por moradores de bairros próximos sobre emanação de fuligem em áreas da vizinhança. O grupo técnico da entidade fez contato com todas as empresas associadas e, a princípio, as operações estão normais. “Continuamos investigando dentro e fora de nossas empresas, mas ainda não chegamos a uma conclusão”, disse em nota.

O Cofip ainda informa que contatou a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), órgão responsável pelo controle, fiscalização, monitoramento e licenciamento ambientais das indústrias, que ainda não deu um parecer. “Estamos acompanhando de perto essa situação e sabemos da dificuldade de quem mora na região afetada pela fuligem, queremos que tudo seja esclarecido e resolvido o mais rápido possível”, enfatizou.

“É interesse de todos nós esclarecer esse evento e estamos trabalhando para isso. O Cofip ABC conta com 16 empresas associadas. A região, todavia, apresenta intensa atividade industrial e conta com diversas empresas ligadas aos mais diversos setores produtivos”, acrescenta.

Negro de fumo

A Cetesb informa que um técnico da Agência Ambiental do ABC I, da companhia,  vistoriou o Polo Petroquímico de Capuava e verificou que houve emissão de material particulado – negro de fumo – na atmosfera, além do permitido pela legislação ambiental. O fato causou incômodo para população local. No momento, a Cetesb avalia as sanções que serão aplicadas.

Confira nota enviada pelo Cofip nesta sexta-feira (30/10):

“As empresas do Polo Petroquímico estão colaborando com as autoridades competentes para a investigação sobre as origens da poluição por fuligem e fornecendo informações sempre que solicitadas. A CETESB realizou vistoria no Polo e identificou oscilações no relatório de emissões atmosféricas de uma unidade, mas essas emissões, mesmo no momento de pico, estavam consideravelmente abaixo dos limites estabelecidos pelo órgão responsável. Essas oscilações podem acontecer devido às características do processo de fabricação de cada produto e também por influência das condições atmosféricas, desde que ocorram dentro dos limites considerados aceitáveis pela legislação. Não houve coleta de amostras da chaminé em questão, de forma que não há qualquer evidência que relacione as oscilações identificadas na vistoria com a poluição por fuligem que vem afligindo os moradores da região. Esclarecemos, também, que nenhuma empresa associada recebeu auto de infração, visto que não foi identificada nenhuma irregularidade que justificasse tal medida.

Todas as empresas associadas ao COFIP ABC têm intensificado o monitoramento de seus processos, garantindo que as condições operacionais de todas as suas unidades e as emissões das chaminés, incluindo o negro de fumo, estão em intenso controle. O COFIP ABC é solidário aos esforços dos órgão competentes na busca por informações e soluções. Paralelamente, a entidade continua aprofundando suas próprias investigações, no intuito de prover os esclarecimentos necessários à comunidade.”

Confira imagens:

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