
A pandemia nivelou quase todo o comércio e prestação de serviços, com dificuldades de vendas, mas um setor passa pela crise melhor que os demais, o de lava-rápido. Empresários relatam que a procura pelo serviço até aumentou, dada a preocupação dos motoristas com a higienização do carro.
Alceu de Paula, que há 27 anos montou o Lava-Rápido Hortência, no Jardim do Estádio, em Santo André, disse que o movimento aumentou consideravelmente se comparado com o mesmo período do ano passado. “Para nós não teve pandemia, logo nos primeiros dias fechamos por precaução e aproveitei para fazer uma reforma, aproveitei para investir. Logo depois reabrimos e mantivemos o patamar de lavagens com alguns clientes novos, um crescimento de 10% mais ou menos”, analisa.
A tecnologia é algo que chegou definitivamente no segmento. No caso do Lava-Rápido Hortência, ela ajuda a preservar o meio ambiente. Além de captar água da chuva, em vez de usar água tratada da rede de distribuição, no local a água é reaproveitada por um sistema de reúso. “A água que sai do carro vem com muita sujeira, terra e óleo. Ela passa por um sistema complexo de filtros para ser reutilizada e o resíduo é coletado por uma empresa especializada. Esse foi um investimento alto, mas a nossa preocupação é com o meio ambiente e o cliente vê isso”, conta Alceu de Paula.
A pandemia trouxe ainda a tecnologia microbiológica para deixar o interior do carro livre de vírus e bactérias; é a oxi-sanitização que é feita com um aparelho que elimina o oxigênio e aplica ozônio no interior do carro eliminando qualquer contaminante do ar e superfícies. “Isso mata tudo e ainda temos todo o cuidado na hora de entregar o carro com a higienização das partes que são tocadas como maçanetas, volante e alavancas de câmbio e de freio de mão”, explica Alceu de Paula.

E não tem como falar em avanço tecnológico quando se lava um carro com alta qualidade sem gastar água. A tecnologia de lavagem à seco, baseada nos produtos que são utilizados é outra que veio para ficar e que, durante a pandemia manteve os estabelecimentos do ramo com boa procura, enquanto outros setores do comércio e serviços fecharam as portas. “Ainda bem que o governo entendeu que o segmento, bem como o de oficinas mecânicas e de reparação, são essenciais para manter a frota rodando”, avalia Paulo Tavares, proprietário de uma loja da franquia Acquazero Eco Car Wash, que fica no bairro Santo Antônio, em São Caetano.
O empresário explica que a lavagem a seco usa produtos especiais, que não agridem a pintura e a lavagem é mais rápida e eficiente. Tavares conta que a pandemia fez reduzir as lavagens ao passo que aumentou a procura pelo serviço de oxi-sanitização. “O movimento caiu 30%, até o fim do ano acho que não conseguimos recuperar, mas comparando com outros setores, até que estou no lucro, tem loja que fechou não vendeu nada. O problema é que muita gente ainda está em casa, recebo clientes aqui que dizem que o carro está parado há seis meses juntando poeira”, conta.
O empresário de São Caetano, viu a pandemia chegar poucos meses após ter comprado o negócio. Ele ainda tem alguma dificuldade para seguir, mas está animado. “Aposto que vai melhorar”, diz.

O ozônio também é usado na Ice Film Car Wash, que fica na Vila Gilda, também em Santo André. Segundo a sócia Jane de Lira Muniz Ramos, a procura aumentou muito por esse serviço desde o início da pandemia. “A gente já tinha, mas a procura nunca foi tão forte como agora”, diz a empresária que mantém o estabelecimento junto com o esposo há 20 anos. Ela conta que apesar da busca pela oxi-sanitização, as lavagens de carros no seu caso tiveram uma sensível queda, mas com estratégia de gerenciamento conseguiu manter o faturamento igual ao do início do ano. “Estou muito feliz com o resultado pois outros setores estão com enormes prejuízos, só de faturar a mesma coisa já me deixa muito animada”, diz a empresária.
Jane conta que como a crise econômica gerada pela crise de saúde pegou muita gente, pois deixaram de comprar carro novo e compraram usado, mas com medo de contaminação passaram a procurar mais os serviços especializados para limpar bancos e tapetes. “Acredito que isso é que fez aumentar a procura pela limpeza com ozônio”, avalia. Com consultoria do Sebrae, Jane tem solucionado gargalos gerenciais, investido bastante no marketing e redes sociais para superar a crise.