
Se me perguntassem há um mês o que eu achava sobre viajar durante a pandemia eu diria que é possível fazer sem deixar de usar máscara e higienizar frequentemente as mãos, mas hoje com o número de casos crescendo como estão, digo que tem de ter algumas restrições. Assim o pneumologista e professor titular da Faculdade de Medicina do ABC, Elie Fiss analisa a situação da pandemia. Para o médico não é momento de viajar.
Elie Fiss considera que as autoridades deveriam impor medidas mais severas de controle, como barreiras nos aeroportos com medição de temperatura e exigência de testes atualizados de covid-19 para permitir o embarque. “Se já pedem na viagem para o Exterior, nas viagens domésticas a medida deveria ser igual. Ouvi relato de pessoas que viajaram de avião para se tratar de covid em outro Estado. Imagine a contaminação em um ambiente fechado. Quanto ao ar-condicionado do avião tenho certeza que é seguro, mas o problema é a proximidade das pessoas. Os protocolos nos aeroportos devem ser muito mais rígidos. Já uma viagem de carro, desde que não em grupos, acho que pode ser viável”, diz.
O pneumologista testemunha o crescimento vertiginoso dos casos de covid-19 nos hospitais onde atua. “Os patamares estão praticamente iguais a maio, quando estávamos no auge da pandemia. O problema está nas aglomerações, nas festas, as pessoas relaxaram”, reclama.
Para as pessoas que pretendem viajar Fiss recomenda que esperem até o momento mais seguro. Ele citou o caso de turistas que foram pegos de surpresa no início da pandemia. “No começo da pandemia eu atendi uma família que ficou confinada em um navio que estava retido no porto de Santos. Neste caso o marido faleceu de covid-19”, recorda. “Eu mesmo pensava em fazer uma pequena viagem, a gente precisa, mas não vou mais”, completa.