
Trabalhadores da Arteb, fabricante de faróis e lanternas para as linhas de montagem e mercado de reposição de autopeças, começaram nesta terça-feira (26/01) a receber cartas da empresa informando que foram demitidos. Ainda não se sabe quantos trabalhadores receberam o aviso, mas há informações ainda não confirmadas de que metade dos operários seria dispensada. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC realizou assembleia pela manhã no pátio da empresa e os trabalhadores decidiram parar a produção em resposta à demissão em massa, para forçar negociação com a empresa.
Uma funcionária, que conversou com o RD sob a condição de não ter seu nome revelado, contou que a empresa vinha dando sinais de que iria demitir. “No final do ano passado, mais ou menos em novembro, surgiram comentários em todos os setores de que haveriam demissões em massa, mas passou o fim de ano e ninguém falou mais nada, agora vem essa surpresa”, relatou a operária que recebeu a notícia de sua dispensa por telegrama. “No comunicado disseram que foi por causa da pandemia”, relata.
Após a assembleia definir pela paralisação, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC orientou que todos os trabalhadores retornassem às suas casas e procurou a empresa para uma reunião, que aconteceu no período da tarde. De acordo com Moisés Selerges, secretário-geral do sindicato, a empresa alega que foi fortemente impactada pela saída da Ford do Brasil, inclusive tendo de fechar a planta que ficava dentro da montadora, em Camaçari (BA). “A Arteb é uma empresa antiga no ABC, que já vivia uma situação complicada, em recuperação judicial desde 2016. O que a direção nos disse é que, com o fechamento da Ford, em plena pandemia, as coisas complicaram muito”, disse o sindicalista.
De acordo com o dirigente, haverá novas rodadas de negociação com a fábrica. “Precisamos abordar uma série de questões, já que se trata de uma empresa em recuperação judicial. Queremos discutir inclusive o futuro da empresa, uma fábrica antiga, que emprega atualmente 800 trabalhadores e é importante para o ABC”, reforçou. Segundo Selerges, nesta quarta-feira (27/01) haverá nova assembleia com os trabalhadores, na porta da fábrica, às 8h. “Vamos detalhar para eles o que conversamos com a empresa e tomar as decisões em conjunto”, informou.
Enquanto a negociação segue, a funcionária demitida por telegrama, diz que terá dificuldades para pagar as contas tendo apenas o salário do marido. “Aqui em casa somos três, eu o marido e nosso filho, agora as coisas vão se complicar”, comentou a operária da produção que avalia que mesmo com a mobilização do sindicato, acha difícil a reversão da decisão da empresa em relação aos demitidos.
O RD procurou a Arteb e aguarda posicionamento da empresa.