
Segundo levantamento feito pelas prefeituras do ABC a pedido do RD, pelo menos 65 pessoas aguardam vagas de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) através do sistema Cross (Central de Regulação de Serviços de Saúde). Apesar do incremento de novos leitos a demanda não para de crescer e o governo do estado admite sobrecarga no sistema.
A situação é mais crítica em Ribeirão Pires, onde o prefeito Clóvis Volpi (PL) disse que não tem mais onde colocar pacientes. Na cidade a ocupação dos leitos de UTI para covid-19 é de 100%. A cidade tem 23 pessoas aguardando vagas, sendo 13 só para leitos de terapia intensiva, com pedidos feitos à Cross. A cidade não tem leitos de UTI e os 24 leitos de enfermaria estavam todos ocupados. A prefeitura informou ainda que vai adaptar no hospital de campanha 10 leitos para atender pacientes que precisam de cuidados de terapia intensiva.
A prefeitura de São Bernardo informou que ampliou sua capacidade de atendimento, mas mesmo assim tem 29 pacientes à espera de transferência para leitos de UTI e outros 39 aguardando leitos de enfermaria. “A rede de Saúde de São Bernardo conta atualmente com 510 leitos destinados a pacientes com Coronavírus, sendo 336 deles em enfermaria e 174 em UTI. Nesta segunda-feira (15/03), foram anunciados 19 novos leitos de UTI exclusivos para covid-19 no município. Com isso, a ocupação dos leitos de UTI passou para 84% e de enfermaria para 80%. Até às 14h, aguardavam na fila da Cross, 39 pacientes para vaga em enfermaria e 29 para vaga em UTI. Os pacientes que aguardam transferência estão internados e assistidos no Hospital Pronto-Socorro Central (HPSC) ou em uma das nove Unidades de Pronto Atendimento 24h (UPA) do município. Nenhum paciente veio a óbito por falta de leito”, detalhou a prefeitura em nota.
A situação grave também no serviço público de saúde de Diadema, onde, na tarde desta segunda-feira (15/03) 15 pacientes estavam à espera de transferência para uma unidade com suporte de UTI. De acordo com a prefeitura a estrutura na cidade compreende 20 leitos de UTI e 93 leitos de enfermaria exclusivos para covid-19. A prefeitura vai implantar dentro do próprio Hospital Público, mais 20 leitos que serão instalados no sétimo andar.
A prefeitura de Rio Grande da Serra informou que oito pacientes aguardavam vagas de UTI na tarde esta segunda-feira (15/03). A cidade não tem leitos de terapia intensiva e enfermaria; os pacientes estão na UPA em leitos de observação aguardando a transferência pela Cross para os nossos hospitais de referência.
São Caetano disse que ainda tem leitos disponíveis e a cidade deve ter ainda mais folga no número de leitos com a reabertura do seu Hospital de Campanha. A cidade tem atualmente São Caetano tem 50 leitos de UTI e 48 leitos de enfermaria. Com a reabertura do hospital de campanha vai ter mais 48 leitos de enfermaria e 30 de UTI. A taxa de ocupação nesta segunda feira (15/03) é de 87,5% UTI e 90% nas enfermarias.
Santo André também informou que tem disponibilidade de leitos. A cidade tem 527 leitos destinados ao tratamento de pacientes com covid-19, sendo 149 leitos de UTI. “A cidade conta com leitos disponíveis devido ao suporte de UTI tanto em UPAs(Unidades de Pronto Atendimento), hospitais e dois hospitais de campanha. Novos leitos de UTI já começaram a ser instalados no Centro Hospitalar Municipal (CHM) e, ainda neste mês, teremos um total de 50 habilitados a fim de absorver a demanda crescente de casos e garantir que todos tenham o atendimento necessário”. Além desse investimento o Governo do Estado anunciou que a cidade contará com um hospital de campanha no AME (Ambulatório Médico de Especialidades). Serão 25 leitos, sendo 10 de UTI.
A prefeitura de Mauá não informou se há pacientes aguardando vagas de UTI ou enfermaria. A taxa de ocupação da UTI do Hospital Nardini é de 100%. A prefeitura informou apenas que dispõe de 30 leitos de UTI, 18 leitos de enfermaria e que vai abrir 10 leitos de UTI e 12 de enfermaria para covid-19 no Hospital Nardini nos próximos dias. A administração municipal negocia também a contratação de 20 leitos na rede privada para desafogar a rede municipal. A estrutura a ser utilizada é a do Hospital Sagrada Família (antigo Hospital Vital). Serão locados 10 leitos de enfermaria e 10 leitos de UTI.
Estado
A secretaria estadual da Saúde admite a sobrecarga no sistema em todo o estado. “Na região da Grande São Paulo, os leitos para covid-19 registraram ocupação de 90 % de UTI e 81,6% em enfermaria hoje (15/03). A sobrecarga na rede de saúde já é uma realidade em diversos locais e os serviços do SUS esforçam-se para garantir assistência adequada. O mesmo ocorre por parte da Central de Regulação estadual, que funciona 24 horas por dia como mediadora entre os serviços de origem e de referência. Seu papel não é criar leitos, mas auxiliar na identificação de uma vaga no hospital mais próximo e apto a cuidar do caso”, informou em nota enviada ao RD.
A secretaria informa que a Cross não nega os pedidos de transferência “Nenhuma negativa parte deste serviço, que é apenas intermediário. Cada solicitação é avaliada por médicos reguladores, sendo crucial a atualização do quadro clínico. É importante reiterar que é responsabilidade do serviço de origem manter o paciente assistido e estável previamente de forma a apresentar condições de transferência, bem como providenciar transporte adequado para deslocamento seguro do paciente”.