
Durante a pandemia não são apenas os profissionais de saúde que trabalham dobrado, os coveiros também. O número de sepultamentos praticamente dobrou desde o início da pandemia, em março do ano passado, e continuam m crescimento. No ABC, cada Prefeitura teve de adotar uma solução para dar conta dos óbitos, em geral, o que aumentou o número de exumações. Em Ribeirão Pires, a situação é mais complicada. A Prefeitura elabora um edital para contratar empresa só para abrir covas no Cemitério São José.
A contratação em Ribeirão é para dar conta dos sepultamentos. Atualmente, a abertura de covas é feita pelos funcionários da Secretaria de Infraestrutura, também responsáveis por outros serviços, como capinação e tapa-buracos. Segundo a assessoria de imprensa, o ritmo de abertura de covas é lento, em média, 10 por semana, por isso precisa contratar uma empresa que só faça esse trabalho. Ainda não há estimativa de quanto o município irá gastar com esse contrato.
O número de sepultamentos em Ribeirão Pires aumentou 71%, subiu de 76 enterros em março de 2020 para 130 no mesmo período deste ano. Devido ao aumento da demanda foram abertas 150 novas vagas no cemitério. Outra providência foi acelerar as exumações, de acordo com o período de vencimento, para garantir que haja vagas para novos sepultamentos. Na cidade os velórios têm duração de duas horas, sendo que em casos em que o falecimento se deu em virtude da covid-19 não há velório.
Em São Bernardo, a média de sepultamentos diários mais que dobrou. Em março do ano passado, eram enterradas em média 8 pessoas por dia, no mês passado a média saltou para 18, uma alta de 125%. Apesar do aumento do número de sepultamentos, no momento, não há necessidade de ampliação do serviço, pois o município possui vagas para atender à demanda, informa a Prefeitura.
São quatro cemitérios em São Bernardo e, de acordo com a Prefeitura, em três deles (Vila Euclides, Baeta Neves e Paulicéia) os jazigos são de concessão de uso perpétuo, sem intervenção do município, desde que respeitados os cumprimentos legais. O cemitério do bairro dos Casa (Vila Carminha), por sua vez, atende munícipes não concessionários, sendo responsável atualmente pela maior demanda da cidade. Juntos, os equipamentos somam 11.733 sepulturas perpétuas, 9.600 temporárias e 350 vagas disponíveis atualmente.
Em Santo André, o número de sepultamentos também praticamente dobrou se comparados os meses de março último e do ano passado. Foram 449 sepultamentos só de moradores da cidade em 2020 contra 880 este ano, uma alta de 96,2%. Para evitar o colapso, a Prefeitura optou por não aceitar sepultamentos de pessoas de fora, com isso manteve a programação de exumações. São cinco cemitérios municipais. Os cemitérios Vila Pires, Assunção, Camilópolis e Paranapiacaba possuem apenas jazigos familiares e não há um número exato de vagas já que cada jazigo conta com quantidade distinta de gavetas internas. O Curuçá conta atualmente com mil vagas.
Em Diadema, a Prefeitura informa que não há preocupação com colapso no sistema funerário municipal. Diz que tem feito exumações para garantir vagas para novos sepultamentos. São cerca de 4 mil vagas que podem estar disponíveis, mas para as exumações e sepultamentos em maior número a equipe precisa de reforço. Admite que podem ser feitas horas extras e aguarda também a contratação de quatro sepultadores por meio do último concurso público. No município, os números têm aumentado. Em 2019 foram 1.321 sepultamentos, no ano passado o número saltou para 1.639. Em janeiro foram sepultados no Cemitério Público de Diadema 112 pessoas, em fevereiro o número subiu para 132 e março (até o dia 29) já eram 210 sepultamentos, alta de 87,5% em apenas dois meses.
Em São Caetano, o número de sepultamentos não cresceu muito. Sem os números ainda de março, para efeito de comparação foram considerados os meses de janeiro e fevereiro, de 2019 e 2021. Há dois anos, o número de sepultamentos nestes dois meses era de 247, subiu para 264 nos dois primeiros meses deste ano, alta de 6,88%. A Prefeitura informa que a estrutura é suficiente. De qualquer maneira abriu processo administrativo para construção de mais jazigos (gavetas) no cemitério da Cerâmica para quem não possui jazigo perpétuo. A cidade tem três cemitérios municipais, com cerca de 700 vagas e tem agilizado os procedimentos de exumações feitas diariamente.
As prefeituras de Mauá e Rio Grande da Serra não informaram.
Particulares
Há sobrecarga também nos cemitérios particulares do ABC. Em Diadema, o Vale da Paz, recebeu em janeiro 194 sepultamentos, 167 em fevereiro e 299 enterros foram realizados no local. No entanto, a necrópole recebe sepultamentos de vários municípios.
No Cemitério Jardim da Colina, em São Bernardo, não há falta de jazigos. São cerca de 230 mil metros quadrados de área, porém o assistente administrativo Fabiano Melo informa que há um número muito maior de sepultamentos, sem precisar os números exatos. “Nas 13 salas os velórios são intercalados para evitar aglomeração e ficou limitado em duas horas o tempo para velar. Entram apenas 10 pessoas por sala. O responsável recebe 10 etiquetas que podem ser compartilhadas pelos presentes e há um segurança em cada sala que faz esse controle”, explica. Porém, o procedimento só vale para mortes que não sejam por covid-19. Nos casos confirmados da doença não há velório e o sepultamento é feito imediatamente. Até para a visitação dos túmulos o controle é rígido, o tempo é limitado em 20 minutos e os funcionários da portaria é que fiscalizam.