
O Hospital da Mulher Maria José dos Santos Stein, responsável por realizar cerca de 350 partos por mês, foi palco de uma história de nascimento e renascimento. O equipamento de saúde de Santo André tem recebido pacientes encaminhadas por demanda espontânea. Uma das gestantes que recebe assistência no equipamento é Roneide Rosa, que foi submetida a um procedimento de cesárea enquanto estava intubada com covid-19 na unidade e recebeu alta da UTI na última terça-feira (27/4).
De acordo com a superintendente do hospital, Rosana Pereira Madeira Grasso, a paciente teve todo o suporte terapêutico durante sua internação, o que foi fundalmental para sua evolução e cura. “O bom resultado do nosso trabalho no Hospital da Mulher é consequência do comprometimento e profissionalismo de toda equipe, a qual faço um agradecimento especial”, declara.
Aos sete meses de gestação, Roneide de Alcântara Rosa, de 39 anos, contraiu o coronavírus. Com traços de cansaço, resquícios da enfermidade causada pela doença, a moradora da Vila Humaitá relatou que realizava o pré-natal na policlínica do bairro, mas quando comunicou que havia contraído o vírus, foi direcionada ao Hospital da Mulher. Em abril, após sentir muita falta de ar, ela procurou o hospital para receber medicação, no entanto, o resultado do exame de imagem indicou comprometimento pulmonar e houve a necessidade de internação. Com quadro agravado, foi feita a transferência para UTI e, posteriormente, a intubação. “A minha reação não foi das melhores. Eu não aceitava, bateu o desespero. Eu nunca havia sido intubada. Então a primeira coisa que eu perguntei para o médico foi se eu ia voltar (da intubação)”, lembrou.
De acordo com a médica intensivista, Katarine Coelho da Silva Santos, naquele momento não havia outra alternativa a não ser a intubação. “Ela tinha o pulmão muito comprometido e um caso agravado. Durante a intubação, houve momentos de melhora e de piora porque essa doença é muito incerta, todo dia é um dia ganho para a melhoria”, pontua. A decisão de realizar o parto de uma paciente com esse quadro clínico é feita em equipe com vários fatores levados em consideração. “A partir do momento em que foi intubada ela necessitou de um aporte maior de medicação e isso poderia gerar um comprometimento para o bebê. A vigilância é feita minuto a minuto e de uma hora para a outra a decisão pode mudar. Tivemos, graças a Deus, um bom time para essa decisão”, explicou a médica ginecologista e obstetra do hospital, Andréia Cristina Mota Ferreira de Queiroz.
Roneide foi submetida a uma cesariana de urgência por ter um comprometimento de vitalidade fetal, até pela condição materna que estava se deteriorando, comprometia o feto. A cirurgia foi de emergência e, apesar da situação, o bebê nasceu em condições de prematuridade, mas já se recupera com ganho de peso e tudo evolui bem. Durante todo o processo a paciente é acompanhada por uma equipe multiprofissional composta por médico, enfermeiro, técnico de enfermagem e fisioterapeutas. A fisioterapia acompanha a pré-intubação para avaliar a necessidade e, durante esse fluxo, é responsável pelo processo de ventilação mecânica e de exames, acompanhando o paciente 24 horas. “Depois que a paciente apresenta uma melhora, avaliamos também a possibilidade da extubação e depois trabalhar na reabilitação, até que ela consiga sair do oxigênio. Você reabilita a parte motora e inicia a caminhada até o momento da alta”, comentou a fisioterapeuta Bianca de Abreu.
A alta da Unidade de Terapia Intensiva para a enfermaria foi realizada na última terça-feira (27/4) em meio a lágrimas e aplausos dos profissionais que seguravam placas com mensagens de otimismo. O momento foi marcado pela música ‘Raridade’, tocada pela musicoterapeuta Camila Turco, que homenageou a paciente em formato voz e violão, acompanhada pelo coro dos demais profissionais do local.
Ao longo da pandemia, apesar de ter recebido pacientes que tiveram o quadro agravado, não foram registrados óbitos de mães ou bebês com covid-19 no hospital. “Há sempre uma ansiedade e expectativa muito grande em casos como esse. É uma doença que gera medo e insegurança na família e no paciente. Além de ter comportamento diferente em cada pessoa. Na obstetrícia é uma peculiaridade. Felizmente, nesse um ano e meio de pandemia não tivemos nenhuma perda no hospital. Tivemos alguns casos graves, mas conseguimos obter o sucesso e isso nos dá muita paz no coração”, disse a médica ginecologista e obstetra do hospital, Andréia Cristina Mota Ferreira de Queiroz.