
Vendedores ambulantes que contam com licença para trabalhar procuraram o RD para relatar que estão sendo retirados dos pontos onde trabalham, no Centro de Mauá, por fiscais da prefeitura. Eles argumentam que pagam pela licença e que a prefeitura não dá espaço para diálogo. A prefeitura, por sua vez, nega a retirada dos camelôs, mas admite que está buscando aloca-los em outros bairros. A administração também negou falta de diálogo com a categoria. Os ambulantes pretendem realizar um manifesto nesta terça-feira (25/05) em frente a estação de trem.
Marcelo Silva Santos, tem 48 anos e há sete trabalha como vendedor ambulante no Centro, vendendo meias e outros tipos de confecções. Ele disse que os fiscais são truculentos e estão tirando todos das ruas, os irregulares e também os que têm licença para trabalhar. “O prefeito (Marcelo Oliveira –PT) não quer conversa; nos tratam muito mal na prefeitura. Estão tratando o assunto como se fosse uma perseguição política”, disse o vendedor ambulante que tem a chamada “licença de porta em porta”, em que o licenciado tem que trocar de ponto a cada uma hora e meia.
Santos contou que sua licença venceu durante a pandemia e que já tentou renovar, mesmo assim a cobrança da taxa anual já foi enviada a ele. “Eu pago R$ 200 por ano para trabalhar, nós estamos numa pandemia o governo tem que entender que não pode tirar o nosso trabalho”, contou o vendedor que há 10 dias está sem trabalhar e cuja renda sustenta quatro pessoas em sua casa. “Estou pagando as contas com o salário da minha esposa que é doméstica, mas é pouco, temos dois filhos”, comenta.
A situação de Aline Cristiane dos Santos Conceição, de 32 anos, é mais grave, ela sustenta dois filhos com a renda do seu carrinho onde vende acessórios para celular perto da estação de trem de Mauá. “Da noite para o dia resolveram tirar todo mundo. Eu tenho licença para trabalhar de porta em porta, estava aguardando uma licença para local fixo, pago o imposto e estou sem trabalhar há quatro dias. O fiscal disse para mim que minha licença não vale nada”, disse a vendedora que trabalha como ambulante há 18 anos.
Bairros
Em nota, a prefeitura de Mauá informou que mantém diálogo permanente os trabalhadores e que estuda mudanças no local de trabalho destes ambulantes. “Estão sendo mapeados novos pontos que podem ser destinados para o comércio ambulante, nos demais eixos comerciais do município. Na última semana, foi realizada uma ação de sensibilização que englobou vários setores da administração para melhor organizar o trabalho e a circulação de pessoas no calçadão central. Não houve apreensão de produtos e nem aplicação de multas”, informou a prefeitura.
A administração mauaense informou que há cerca de 100 permissionários para o comércio ambulante entre as modalidades fixas ou circulante (porta a porta). “Essa última categoria representa cerca de 25% do total e não pode se fixar na região central, onde só é permitido ficar aqueles que já atuam nas áreas demarcadas. As taxas de licença são renovadas a cada 12 meses e os valores, em torno de R$ 400, são parcelados em carnê”, diz o informe da administração.
Os ambulantes esperavam uma reunião com representantes do governo na tarde desta segunda-feira (24/05). “Fizemos o pedido através de um vereador, mas sequer tivermos resposta, por isso amanhã (terça-feira) faremos uma manifestação, no Centro, na entrada da estação. “Vamos levar faixas e cartazes, vamos protestar pois queremos trabalhar”, disse a ambulante Aline.