
O Movimento Nacional de População em Situação de Rua (MNPR), realiza trabalho de monitoramento da população em situação de rua no ABC. Além do mapeamento, voluntários se unem, aos domingos, para efetuar Pastoral e entregar refeições. No entanto, durante os projetos, colaboradores contam ter recebido reclamações por parte das pessoas que vivem em situação de rua, que tiveram seus pertences pessoais (roupas, cobertores e documentos) recolhidos pela Prefeitura de São Bernardo.
O coordenador do MNPR ABC, Tiago Quintanilha, explica que, quando procurada para esclarecer sobre o assunto, a administração municipal alegou não fazer este serviço com os mais vulneráveis. “Mas precisamos denunciar. Isso é uma violação de direitos”, defende Quintanilha.
De acordo com o voluntário, a Prefeitura têm feito o recolhimento constantemente, o que contribui para uma maior vulnerabilidade, além da invisibilidade. “A população de rua dorme restrita. Durante o dia eles saem, fazem a correria que precisam fazer e, pela noite, procuram um local mais escondido para ficar”, relata. O coordenador, que trabalha na organização desde 2009, faz um apelo para que a Administração se posicione a respeito do caso. “Se não, começaremos a fazer paralisações durante a pandemia”, declara.
Quintanilha alerta, ainda, para a falta de vagas em abrigo no município. “Estamos com o nosso pessoal sem vagas no abrigo. Falam que o mesmo possui diversas vagas, enquanto na verdade, nem no emergencial tem”, denuncia. Segundo o reclamante, os moradores em situação de rua são levados para refeições como café da manhã e almoço, mas precisam voltar para as ruas pela falta de vagas.
Prefeitura responde
Questionada pela equipe do RD, a Prefeitura de São Bernardo diz que não retirar os objetos da população de rua e afirma atuar, de forma permanente, para garantir assistência social às pessoas que se encontram em situação de rua, com programas e ações que visam desde a abordagem dos indivíduos até acesso aos diversos serviços municipais. “Diariamente, um processo planejado de aproximação é realizado e, durante o inverno, com a Operação Cobertor que Salva, a acolhida é feita 24 horas”, diz em nota.
A administração diz, ainda, contar com o Centro de Acolhimento 24h, onde se é contada a capacidade de recebimento para até 150 pessoas pernoite, com oferta diária de café da manhã, almoço, café da tarde e jantar, serviços de saúde, área para banho, kit de higiene, abrigo para carrinhos e canil. “Outra opção disponibilizada à população em situação de rua é o Centro de Convivência e Moradia Provisória (Republica), com 30 vagas masculinas, destinadas a adultos e idosos que utilizam espaços como forma de moradia e/ou sobrevivência”. Segundo a Administração, ambos os equipamentos contam com vagas disponíveis.
Doações
O MNPR ajuda, não apenas a população em situação de rua, como também comunidades da região. Com a atual situação, a organização pede especialmente por kits de higiene pessoal, para serem entregues aos mais vulneráveis. Interessados em realizar doações, podem procurar Tiago Quintanilha através do celular (11) 98478-9375. (Colaborou Gustavo Lima)