No mês do orgulho LGBTQIA+, celebrado em junho, mães e integrantes da ONG Mães pela Diversidade São Paulo falaram em entrevista ao RDtv sobre a importância da aceitação, respeito e políticas públicas em prol da comunidade, que mesmo após anos de luta, seguem enfrentando desafios diários contra a homofobia.
A mãe e psicóloga voluntária da ONG, Karla de Siqueira, conta mesmo que a aceitação da família tenha sido positiva, a relação seguiu normal com a filha, apesar do momento de susto na hora da descoberta. “O medo veio por parte da sociedade”, diz a mãe. Segundo ela, o maior desafio ainda é o respeito no que se diz respeito a questões relacionadas a toda população LGBTQIA+ em relação a sua existência. “Ainda há muita violência e negação da existência da comunidade. Não há políticas públicas que contemplem a população”, comenta.8
Mesmo com ganhos na criminalização da LGBTfobia, a voluntária reforça que é importante seguir com a luta por mais direitos, uma vez que a comunidade segue sofrendo discriminação por parte das pessoas, principalmente em questão a pessoas transexuais. “O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo e, ao mesmo tempo, incoerentemente, é o país que mais se consome pornografia transexual. Fica a reflexão”, alerta a voluntária.
Também mãe, Cristiane Lemes do Nascimento, comenta que a aceitação da família sobre o filho sempre foi ótima e que a relação com o pai seguiu normal, mas a sociedade ainda precisa melhorar principalmente com políticas públicas em relação ao trabalho para a comunidade. “Acho que ao invés de ficar mais leve, piorou a questão da LGBTfobia. Os preconceitos são diversos, vem de olhares, da escuta e, principalmente com emprego. Um gay afeminado sofre preconceito muito grande para ser aceito”, diz.
Karla frisa que pessoas trans enfrentam ainda mais dificuldades na hora de encontrar um emprego, já que mesmo as pessoas cis (que se identificam com o gênero de nascimento) LGBT não há completa aceitação. “Se isso acontece para a população cis para a comunidade lésbica e gay esse número se multiplica por mil. Já para a população trans, a possibilidade de emprego é quase de 0,1%”, declara.
Também com susto ao saber da sexualidade do filho, mas lidando sem preconceitos, Cristiane reforça que o medo sempre foi em questão da aceitação da sociedade, mas que o respeito deve prevalecer. “É muito complicado falar sobre o assunto perante a sociedade, mas meu amor por ele não vai mudar nunca. Lá fora sabemos da violência e é claro que se a sociedade pudesse ser menos preconceituosa, com menos ignorância e discernimento para as pessoas terem livre arbítrio, iria ser muito melhor”, completa.