
Grande parte dos servidores que atuam nas escolas municipais da região ainda não foi totalmente imunizada contra a covid-19, apesar disso três prefeituras já iniciaram o retorno gradual às aulas presenciais; São Bernardo, São Caetano e Santo André. Já Diadema, Mauá e Ribeirão Pires planejam voltar entre o fim de julho e início de agosto, após o recesso escolar. Os sindicatos que representam a categoria temem que os professores e auxiliares adoeçam por não estarem com as duas doses da vacina.
Em Santo André as aulas voltaram no dia 24/05, com as escolas podendo receber 35% dos estudantes em sala de aula, mas os pais puderam optar por deixar os filhos em aula online. A diretora do Sindserv (Sindicato dos Servidores Municipais) de Santo André, Mirvane Dias Souza, conta que a categoria fez uma plenária com 300 educadores às vésperas da retomada e definiu a realização de uma greve sanitária, ou seja, os professores chamados para voltar às classes mantiveram as aulas online. “Temos um compromisso com a prefeitura de que não seriam descontados os dias, até porque as aulas seguem normalmente. Hoje (terça-feira, 29/06) temos 54 professores em greve”, comenta. Porém Mirvane conta que parte dos servidores aceitou voltar a dar aulas presenciais. “A nossa preocupação é que nem todos estão totalmente imunizados. Quase todos já tomaram a primeira dose, quem tomou a Coronavac, estará totalmente imunizado logo, mas quem tomou a Astrazeneca só vai tomar a segunda em setembro”, aponta. Segundo o Sindserv a cidade tem 17 escolas com casos de covid-19 entre funcionários.
Em nota, a prefeitura de Santo André sustenta que a aula presencial não é obrigatória e que as escolas seguem medidas sanitárias para evitar o contágio pela covid-19. Para manter as aulas online a prefeitura está comprando equipamentos. “Santo André disponibilizou, de forma gratuita, para mais de 30 mil alunos e professores da rede municipal de ensino, chips para acesso à internet. Além disso, 8.500 tablets estão sendo entregues para alunos e professores do 4° e 5° ano do ensino fundamental, docentes de creches municipais e inclusão, além de professores, instrutores e alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), como parte do programa Qualieducação”, diz o informe.
Em São Bernardo a prefeitura retomou aulas em formato híbrido em 17 de maio. O Sindicato dos Servidores tentou evitar a volta das aulas presenciais e foi à Justiça. “A a prefeitura tentou voltar em março e conseguimos suspender através de liminar que foi derrubada em maio, nós recorremos e estamos aguardando”, explicou Dinailton Cerqueira, presidente do Sindserv. A preocupação é a mesma; a falta de imunização completa dos educadores e auxiliares. “Cerca de 90% do pessoal já tomou ao menos a primeira dose e o nosso pedido é que as aulas só deveriam voltar ao formato presencial com a imunização completa”, crava o sindicalista.
São Bernardo tem 198 escolas e cerca de 7 mil servidores só na Educação, segundo o Sindiserv. Os números da cidade são grandes, segundo a prefeitura a rede municipal em 82 mil alunos e cerca de 11% deles vai à escola, sendo que há um escalonamento para que cada sala não ultrapasse 35% da capacidade. “As aulas remotas continuam por meio das ferramentas digitais disponibilizadas pela secretaria de Educação e por meio de materiais impressos para alunos que não possuem acesso pleno à internet”, detalha a prefeitura, em nota. A administração aponta ainda que 17.488 profissionais da Educação já foram vacinados contra a covid-19, sendo 12.663 com a primeira dose e 4.825 com ambas as doses.
As aulas já começaram a voltar gradualmente em São Caetano desde 07/06, começando pela Educação Infantil, depois, em 21/06, com o Fundamental I. O Fundamental II (4ºs e 5ºs) volta no dia 05/07; em 03/08 as salas da Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional Técnica poderão voltar a receber alunos; e no dia 09/08 o grupo 3 da Educação Infantil também volta. Porém as aulas pela internet continuam. “As aulas remotas acontecem por meet, sequências didáticas postadas na Plataforma Google Education, material impresso para os alunos sem acesso internet e plantões de dúvidas. Em torno de 50% dos alunos estão frequentando as aulas presenciais e 50% as aulas online”, detalhou a prefeitura. A administração informa que 56% dos profissionais da Educação já estão imunizados com a 2ª dose da vacina. O RD não conseguiu contato com o Sindserv de São Caetano até o fechamento desta reportagem.
Recesso
Em Diadema há previsão para o retorno às aulas presenciais na rede pública municipal em 27 de julho, após o recesso escolar, mas sindicato e prefeitura ainda dialogam sobre isso. A posição do Sindema (Sindicato dos Servidores Municipais de Diadema) é a de que o ensino presencial não deve voltar até que todos os profissionais estejam vacinados. “A maioria já tomou a primeira dose, mas só vão estar imunizados em agosto ou setembro. Até agora não há condição de voltar, pois os níveis da pandemia estão altíssimos ainda”, avaliou o presidente da entidade sindical, Ritchie Soares Barbosa Martins. “Voltar agora é um risco para professores e para a comunidade”, completa o sindicalista que estimou o número de profissionais da educação na rede municipal em cerca de 2 mil. O Paço de Diadema informou que até o dia 23 de junho, 39% dos profissionais da Educação residentes no município já estavam com a cobertura completa, ou seja, com as duas doses.
A prefeitura informou que as escolas estão fazendo pesquisa com os pais para saber a intenção deles em mandarem ou não os filhos à escola, com objetivo de organizar o fluxo de atendimento. Até o retorno as aulas seguem online. “Todos os estudantes estão com o estudo remoto, através das ferramentas que dispõem para tal. Quando a família não consegue ter o acesso online, são entregues atividades impressas e acompanhamento pelo WhatsApp”, informou a prefeitura de Diadema.
Em Mauá o sindicato que reúne os servidores não se opõe à volta dos professores às escolas desde todos estejam totalmente imunizados. Na cidade o prefeito Marcelo Oliveira (PT) determinou uma data indicativa para a volta presencial às escolas, a data seria 27/07, após o recesso escolar. Jesomar Alves Lobo, presidente do Sindiserv de Mauá, diz que a vacinação dos educadores está indo bem, que a maioria já foi imunizada, porém o sindicato quer que outros profissionais que atuam nas escolas como, porteiros e merendeiras também sejam vacinados antes da volta dos estudantes às salas de aula. “Temos uma gordura, esse tempo, ainda para conversar com o servidor e com o governo, porque tem muita divisão, na semana passada fizemos uma pesquisa com os professores e há quem quer voltar e tem também aqueles que não querem. A vacinação tem que andar e tem que ter vontade política também. Com todo mundo vacinado o sindicato não tem o que se opor ao retorno presencial”, disse o sindicalista.
O Sineduc (Sindicato dos Professores das Escolas Públicas Municipais) que representa os professores de Ribeirão Pires, considera que é precipitada a volta às aulas presenciais antes que todos os educadores tenham recebido a segunda dose da vacina contra a covid-19. A presidente do sindicato, Perla de Freitas, diz ainda que é preciso que a prefeitura firme também outros compromissos para garantir a segurança da comunidade escolar. “A posição do sindicato é que o retorno seguro só é possível com a segunda dose e também garantia de redução do número de alunos em sala, ficando com 30% de estudantes por dia com todos os cuidados de segurança e os equipamentos necessários”, aponta.
A professora diz ainda que quanto às creches a discussão é mais delicada. “A idade das crianças de creche não permite nenhum tipo de distanciamento, então precisa olhar com muita calma para minimizar o risco frente a quantidade de óbitos que tem acontecido na sociedade e entre os profissionais de Educação. Nós já enviamos documento à secretaria de Educação fazendo esses questionamentos. Esperamos ter um posicionamento oficial do governo até o final desta semana ou início da próxima porque existe um decreto com previsão de retorno presencial para o dia 27 de julho, mas nesse mesmo decreto está previsto que o governo iria avaliar a situação podendo alterar essa data”, sustenta Perla.
A prefeitura de Ribeirão Pires informou que 89% dos alunos aderiram bem ao ensino online, apresentando as atividades propostas. A rede tem 7 mil matriculados e os professores receberam até o momento apenas a primeira dose. “Ribeirão Pires imunizou todos os profissionais de Educação das redes municipal, estadual e particular – a prefeitura já aplicou a primeira dose em 2.500 trabalhadores da Educação, acima dos 18 anos, que atuam no município. Os profissionais da Educação receberam doses da vacina AstraZeneca/Oxford”, explicou a prefeitura.
Rio Grande da Serra não respondeu aos questionamentos do RD.