A madrugada desta sexta-feira (30/07) foi difícil para quem vive nas ruas, com temperaturas perto de 0°C os sem teto ou foram para abrigos ou contaram com a solidariedade de entidades ou mesmo de pessoas que se aproximaram para ofertar comida, cobertores e roupas. Apesar do frio extremo, não foram registradas fatalidades por hipotermia no ABC, como já ocorreu na Capital.
O coordenador para o ABC do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), Thiago Quintanilha, disse que foi uma noite difícil e que a entidade realizou ações de distribuição de cobertores e sopão, tudo realizado através de doações. “As prefeituras da região realizaram o trabalho emergencial levando as pessoas para os albergues, por enquanto funcionou bem, não perdemos ninguém”, disse. Quem tiver roupas, cobertores ou mantimentos para doar pode entrar em contato com o movimento através do telefone 9.8478-9375, que também aceita doações através do PIX.
A prefeitura de Ribeirão Pires, onde a temperatura ficou perto de 1°C na madrugada, a prefeitura informou que os dois locais de acolhimento ficaram quase cheios na madrugada de quinta e na madrugada de sexta-feira. “De quarta para quinta foram abordadas 13 pessoas e 7 aceitaram acolhimento e de quinta para sexta foram abordadas 18 pessoas e 10 aceitaram acolhimento no Centro Provisório de Acolhimento, no Centro da cidade. A Casa de Acolhida, localizada na Quarta Divisão, manteve ocupação quase que total (40 vagas) em ambas as noites”, informou a prefeitura. A Associação Acolhida com Esperança, entidade de passagem, localizada na Quarta Divisão, tem capacidade para acolhimento de até 40 pessoas e, além de espaço para dormir, se alimentar, tomar banho, entre outros cuidados – os atendidos recebem apoio social para emissão de documentos, reinserção social e até mesmo recâmbio, no caso dos assistidos que desejam retornar à região de origem. Já o Centro Provisório de Acolhimento, no Centro, disponibiliza mais 15 vagas, sendo 10 para homens e 5 para mulheres. O espaço conta com 4 baias de canil com capacidade para até 10 cachorros e vagas cobertas para carrinhos de reciclagem.
Diadema montou dois abrigos provisórios em ginásios para atender a demanda. Além deste espaço a cidade conta com dois albergues conveniados, com capacidade para 70 pessoas. “Nesses dias de massa polar, aumentamos a capacidade dos albergues e abrimos mais dois abrigos emergenciais em ginásios da Secretaria de Esportes. Atualmente contamos com 155 vagas. Na madrugada de sexta-feira foram abordadas 73 pessoas e 24 aceitaram acolhimento. A Defesa Civil recebeu mais 5 chamados. Contando com os que foram espontaneamente aos abrigos, foram acolhidas 80 pessoas no total. Os que não aceitaram abrigo, receberam cobertores e alimentação quente”, informa a administração. Nos abrigos são ofertados cama, cobertores, peças de roupas da campanha do agasalho, banho, alimentação noturna e café da manhã.
Já em São Caetano a prefeitura mantém abrigo com capacidade de 30 atendimentos. Onze pessoas passaram a noite no local, segundo informou a prefeitura. O local oferece ainda apoio de uma equipe multiprofissional para fortalecimento de vínculos familiares e interpessoais oferecendo oportunidades para a construção de novos projetos de vida. O usuário passa a morar no espaço até que consiga se reintegrar aos vínculos. Já a Igreja Por Amor é uma ação social emergencial que funcionará por dez dias oferecendo 30 vagas de acolhimento em formato de pernoite. O usuário chega toma banho, janta, dorme e toma café da manhã. A prefeitura sustenta que as vagas disponíveis atendem à demanda. “O setor de abordagem social do CREAS, registra, hoje, um total de 40 pessoas referenciadas em situação de rua na cidade. Para aqueles que recusam a oferta de vagas de acolhimento, está sendo realizada uma ação extra, pela equipe de abordagem social do CREAS, com entrega de kit emergencial, contendo cobertores, manta térmica, touca, luvas, máscaras descartáveis e pares de meias”.
Em Santo André são 180 vagas divididas em quatro locais de atendimento, onde são oferecidos pernoites com banho, alimentação e roupas. “Nos casos onde a pessoa em situação de rua não aceita o encaminhamento é ofertada a distribuição de cobertores, alimentação, roupas, máscaras e higienização pessoal. Caso o munícipe localize um morador em situação de rua que necessite de acolhimento, basta entrar em contato com a prefeitura pelo WhatsApp para serviços de abordagem: (11) 93342-4178, com funcionamento 24 horas. Além deste número, munícipes podem ajudar com informações via telefone 4427-6207 ou 4432-2182, de segunda a sexta, das 8h às 17h. O serviço atende 24 horas por meio de ligação nos números 94734-7319 e 94715-0052. Outra opção é ligar para o COI (Centro de Operações Integradas) pelo telefone 199. A população pode ajudar ainda participando da Campanha do Agasalho doando itens nas Lojas Solidárias, localizadas nos quatro shoppings da cidade, ou ainda nos pontos de vacinação drive-thru”, destacou a prefeitura em nota.
O RD também questionou a prefeitura andreense se o Hospital de Campanha montado na UFABC (Universidade Federal do ABC) poderia ser convertido em albergue provisório, já que o secretário de Saúde, Márcio Chaves, disse ao RD esta semana que o local seria desmontado porque já não havia mais pacientes com covid-19 no local. A prefeitura disse que não é possível mais a utilização do espaço. “Não há possibilidade de nova destinação para o local que abrigou o hospital de campanha da UFABC. O espaço é da União e foi cedido para finalidade de hospital de campanha. O hospital de campanha da UFABC foi desmobilizado nesta quinta-feira (29). Os equipamentos serão distribuídos para outras unidades da rede municipal de saúde”, informou a prefeitura.
São Bernardo
Em São Bernardo, onde a prefeitura conseguiu uma liminar para conduzir os moradores de rua para os albergues de forma coercitiva, ou seja, mesmo contra a vontade deles, a prefeitura informou que atendeu na madrugada desta sexta-feira (30/07) 66 pessoas, sendo 12 encaminhados de forma coercitiva porque apresentaram quadro delicado de saúde. No primeiro dia de ação, na madrugada de quinta-feira (29/07), foram abordados 121 moradores de rua. Deste total, 29 foram encaminhados para os abrigos, sendo seis de forma coercitiva.

A Prefeitura de São Bernardo informa que dispõe de 180 vagas de acolhimento noturno para a população de rua, sendo 160 masculinas e 20 femininas. As vagas estão distribuídas em dois espaços físicos; um na rua Tapajós e outro na rua Marechal Deodoro. “Nessas unidades, há a oferta de camas, banho quente e alimentação. Todos têm direito a levar seus pertences em bolsas ou mochilas. Na unidade da rua Tapajós, há ainda um canil para os bichos de estimação. A força-tarefa é formada por profissionais das Secretarias de Assistência Social, Segurança Urbana e Saúde, por meio do Consultório de Rua, para direcionar pessoas em situação de rua para os albergues municipais neste período de frente fria, mesmo diante de recusa. A medida que visa proteger a vida dos moradores de rua no período de baixas temperaturas recebeu aval da Justiça na noite desta quarta-feira (28/07)”, destacou a administração, em nota.
O movimento Movimento Nacional da População de Rua se manifestou contra a medida da prefeitura e, através da defensoria pública, solicitou a derrubada da liminar. “Estão pegando as pessoas à força, sem que elas queiram ir para o albergue, isso fere a Constituição no seu artigo 5°. Depois ainda mantém as pessoas dentro do abrigo com um guarda civil na porta para não saírem, isso não é ajuda é colocar as pessoas num presídio”, desabafou.
As prefeituras de Mauá e Rio Grande da Serra não responderam.